A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) aparece como um dos nomes cotados para relatar o Projeto de Lei 1904/2024, definido pelos movimentos feministas como "PL da gravidez infantil". A parlamentar é próxima do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e tem trabalhado como interlocutora.
Segundo o site UOL, Silva, que é evangélica, teria credenciais para ser apresentada como uma “relatora moderada”. Lira tem sido alvo de críticas em todo o país após aprovar, em apenas 24 segundos, a urgência na tramitação do 'PL da gravidez infantil', que equipara a interrupção de gravidez após 22 semanas ao crime de homicídio, mesmo nos três casos permitidos por lei (gestação resultante de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal).
O aborto é um tema recorrente na vida de Benedita da Silva, que em 1987 se elegeu para o primeiro mandato na Câmara dos Deputados, em Brasília. Foi justamente neste ano, em 8 de fevereiro, que ela se manifestou sobre o aborto em entrevista ao Correio Braziliense.
“A questão do aborto é muito complexa. O problema não é ser a favor ou contra, mas ter percepção e sensibilidade para superar sua gravidade, além de respeito pelo direito da mulher decidir. Quando uma doméstica aborta, ela o faz não porque quer, mas porque precisa, pois sabe que com um filho pequeno nos braços, dificilmente arrumará um emprego”, explicou Silva.
Anos mais tarde, em 2021, ela declarou em entrevista ao site Universa: “Eu não sou a favor do aborto, assim como eu sei que muitas mulheres não são a favor do aborto, ele acontece na vida dessas mulheres. Qual o meu papel como legisladora? Eu tenho o papel de proteger essas pessoas que já conquistaram constitucionalmente [esse direito]… Nós não podemos ter nenhum retrocesso… Não é porque eu sou favorável, ou não, que vou vai tirar o direito do outro”.
Em 2022, pela rede social X, Silva voltou a se manifestar sobre o tema para criticar o então presidente Jair Bolsonaro (PL). “Uma morte a cada dois minutos: o Brasil registra alta continua nos índices de morte de mulheres durante a gestação ou nos 42 dias após ou por aborto. Morrem três vezes mais mulheres negras. Resultado da condução catastrófica da saúde pública, incompetência e descaso de Bolsonaro.”
Edição: Rodrigo Chagas