Sem acordo

Candidato da oposição se recusa a assinar documento para reconhecer resultado das eleições na Venezuela

Candidato da oposição disse que o governo é o primeiro a 'desrespeitar' documentos e que acordo de Barbados está 'morto'

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
“Assinar um acordo para quê? O primeiro que viola os acordos que assina é o Governo”, disse Edmundo González Urrutia - Juan BARRETO / AFP

O principal candidato da oposição da Venezuela, Edmundo González Urrutia, disse nesta terça-feira (11) que não vai assinar um acordo com o governo do país para reconhecer o resultado das eleições. O pleito está marcado para 28 de julho. Na última segunda-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Jorge Rodríguez, sugeriu a criação de um documento que seria assinado junto ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

“Assinar um acordo para quê? O primeiro que viola os acordos que assina é o Governo”, disse o ex-embaixador em um encontro com mulheres em Caracas. Ele afirmou também que o acordo de Barbados, assinado entre o governo e parte da oposição em outubro de 2023, está “morto”. 

O texto definiu diretrizes para as eleições de 2024 no país. De acordo com o documento, o pleito deveria ser realizado no segundo semestre do ano e contaria com missões de observação da União Europeia, do Centro Carter (EUA) e da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em março, o CNE anunciou ter convidado a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), Comunidade do Caribe (Caricom), União Africana, União Europeia, especialistas da ONU, Brics e o Centro Carter dos Estados Unidos para acompanhar as eleições. Dois meses depois, no entanto, o órgão eleitoral cancelou o convite para a UE observar o pleito depois que o bloco anunciou o aumento da validade das sanções contra a Venezuela até 10 de janeiro, data da posse do presidente eleito.

Nesta segunda-feira (10), o presidente Nicolás Maduro afirmou que estava pronto para assinar o acordo junto ao CNE. Em seu programa semanal Con Maduro+, o mandatário desafiou a oposição a assinar o acordo com o governo.

“Estou pronto para assinar um acordo perante o poder eleitoral para que todos os candidatos reconheçam o boletim que a CNE irá ler no dia das eleições. Como já se sabe que eles vão alegar fraude, eu faço o desafio. Vamos ao CNE na sexta assinar um documento no qual todos nos comprometemos a reconhecer os resultados. Estou pronto, e eles?", questionou.

Maduro reforçou que fará um "grande diálogo nacional" depois que o CNE "divulgar o resultado no maravilhoso dia da vitória". Segundo ele, o debate com diferentes setores da sociedade terá como objetivo garantir a "paz, estabilidade, crescimento econômico e um novo modelo de sociedade".

A discussão sobre um acordo para reconhecer os resultados das eleições no país também foi ventilada pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Em março, durante visita a Caracas, o mandatário colombiano sugeriu a Nicolás Maduro a realização de um plebiscito antes do pleito do dia 28 de julho. A ideia é que a iniciativa garanta que o vencedor das eleições não persiga o perdedor, seja governo ou oposição. 

A proposta foi apoiada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas, por enquanto, ainda não caminhou.

Edição: Rodrigo Durão Coelho