A base do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), está se movimentando na Câmara Municipal para rejeitar a proposta do vereador Celso Giannazi (Psol) de homenagear o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, dando seu nome ao Parque do Bixiga.
Em contrapartida, a sugestão defendida pelo vereador João Jorge, do MDB, partido que tem a maior bancada da Câmara Municipal, é que o parque receba o nome do empresário Silvio Santos, que ainda é o dono da área, mas selou um acordo nesta semana com a prefeitura, que comprará o terreno por R$ 64 milhões.
Curiosamente, Silvio Santos nunca quis que a área fosse convertida em um parque. A intenção do empresário era construir três torres de 100 metros de altura no terreno, que fica ao lado do Teatro Oficina, fundado por José Celso Martinez Côrrea em 1993.
Zé Celso e Silvio Santos brigaram durante 40 anos pelo destino do terreno. Somente após a morte do dramaturgo, em 6 de julho de 2023, o empresário cedeu aos apelos e decidiu vender a área para a Prefeitura de São Paulo.
Apesar do histórico da contenda e a falta de disposição do empresário em tornar o terreno um parque, o vereador João Jorge confirmou que não votará em favor do projeto que prevê a homenagem ao José Celso Martinez e apresentará outro texto, pedindo que Silvio Santos seja laureado.
"Aquela área é do Silvio Santos e ele topou ceder para que se faça o Parque do Bixiga. Então, por isso, e pelo Silvio Santos ser uma unanimidade nacional, eu queria fazer o nome do Silvio Santos. Então, eu vou propor que seja Parque do Bixiga SS [em alusão ao apresentador] e no futuro, quando ele não estiver mais conosco, mudaríamos para Parque Silvio Santos, essa é minha ideia", disse João Jorge ao Brasil de Fato.
Leia mais: Oito razões para um presidente não prestar homenagem a Silvio Santos
Por lei, é proibido em todo o território nacional que espaços ou bens públicos recebam o nome de pessoas vivas. Em 20 de junho de 2023, o Tribunal de Justiça de São Paulo mandou retirar o nome de Silvio Santos de um trecho do Rodoanel, que era uma homenagem ao empresário feita pelo ex-governador Geraldo Alckmin, hoje vice-presidente, que na época estava no PSDB.
Autor do projeto que pede a homenagem ao dramaturgo, Celso Giannazi classificou como "aberração" a ideia de João Jorge. "É impressionante essa ideia, típica de quem está completamente alienado da luta pela cultura em São Paulo. Diz muito sobre ele. Que triste. Mas não seria uma novidade, o ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) sempre lutou contra a criação do Parque Augusta. Hoje, o parque existe e carrega o nome do Bruno Covas. Vai entender", lamentou o parlamentar do Psol.
Vereadores escutados pelo Brasil de Fato afirmaram que a articulação partiu da Prefeitura de São Paulo e que o nome de José Celso Martinez Côrrea enfrenta resistência no gabinete do prefeito Ricardo Nunes, que prefere homenagear outras personalidades.
Na próxima quarta-feira (29), 13h, acontece na Câmara Municipal uma audiência pública para debater os destinos do Parque do Bixiga e a escolha do nome pode estar na pauta dos parlamentares.
Outro lado
Procurada, a Prefeitura de São Paulo não se manifestou até o fechamento da matéria. Caso o faça, o texto será atualizado.
Edição: Nicolau Soares