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Tema socioambiental deve estar no centro da recuperação do RS, diz Paulo Pimenta

Ministro extraordinário para a reconstrução do estado também destacou que vai manter diálogo com movimentos populares

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Vista aérea de Arroio do Meio após as enchentes devastadoras que atingiram a região do estado do Rio Grande do Sul - NELSON ALMEIDA / AFP

O tema socioambiental deve estar no centro da discussão sobre a reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes que atingiram o estado, afirmou neste domingo (19) o ministro Paulo Pimenta (PT-RS), titular da Secretaria Extraordinária para a reconstrução do Rio Grande do Sul.

"O aspecto socioambiental é imprescindível e vai estar no centro da discussão que a gente vai fazer", disse Pimenta em coletiva de imprensa virtual na manhã deste domingo com jornalistas da mídia alternativa. O ministro defendeu uma plano de "recuperação sustentável" para o estado, onde os aspectos humanos e ambientais serão referência  para a recuperação dos municípios atingidos pelas águas.

"Nós temos que incluir o tema socioambiental na discussão do projeto futuro, tanto da recuperação da infraestrutura quanto da atividade econômica do estado, para nós é fundamental. Hoje de manhã conversei com o Banco Mundial, já conversei com grandes estruturas que vão trabalhar no financiamento e essa questão ambiental está muito presente."

Ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, Pimenta foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atuar na recuperação do estado na quarta-feira (15) e manterá uma agenda na próxima semana com movimentos populares e organizações que atuam na organização da ajuda às vítimas.

"A gente vai discutir com os movimentos. Quanto mais a gente avançar num processo solidário e comunitário, maior é a chance de a gente oferecer uma transição com dignidade para as pessoas." 

Uma das propostas que estão sendo discutidas nesse sentido é a descentralização dos abrigos públicos, de forma a "fugir da lógica das tais cidades temporárias", anunciadas pelo governo estadual de Sebastião Melo (MDB).

Na sexta-feira (17), o vice-governador, Gabriel Souza (MDB), afirmou que essas "cidades temporárias" seriam instaladas em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Guaíba, municípios que concentram cerca de 70% dos desabrigados do estado.

A proposta que deve ser apresentada pelo governo federal consiste em permitir que os recursos do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) destinados às prefeituras para manter a população em abrigos públicos possa ser direcionado também para famílias que estão abrigando vítimas das enchentes em suas casas. Mais de 540 mil pessoas foram desalojados pelas enchentes e o número de pessoas que precisaram deixar suas casas e estão em abrigos é de quase 77 mil.

O governo federal estuda ainda formas de garantir a alimentação dessas pessoas, com base na experiência das cozinhas solidárias. O ministro terá uma agenda no Rio Grande do Sul a partir da próxima terça-feira (21), onde deve ser reunir com representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outros movimentos populares atuantes no estado.

"Isso vai envolver muito essa expertise do MAB, do MST, das cozinhas solidárias, do MPA, da CUT, de todo mundo que está pensando isso. O presidente me orientou muito nisso, ir nas cidades, falar com as pessoas, ir nas cozinhas solidárias, falar com os movimentos. Meu trabalho vai ser muito esse a partir de terça-feira, pra juntos a gente pensar em respostas que ainda não temos."

Edição: Thalita Pires