DESASTRE CLIMÁTICO

Cheias atingem 80 comunidades indígenas no Rio Grande do Sul; veja como doar

Funai estima 466 famílias indígenas desalojadas; doações são recebidas presencialmente ou por Pix

Brasil de Fato | Londrina (PR) |
A comunidade Pindo Poty, em Porto Alegre (RS), foi inundada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul - Divulgação/Roberto Liegbott/Cimi

Um levantamento colaborativo indica que mais de 80 comunidades e territórios indígenas foram diretamente afetados, alguns com extrema gravidade, pelas cheias no Rio Grande do Sul. O mapa (veja mais abaixo) foi divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). 

Segundo o conselho, as aldeias afetadas com mais gravidade são do povo Guarani Mbya. A organização indigenista relatou que, nessas comunidades, famílias indígenas tiveram que abandonar suas casas em direção a áreas mais altas, para evitar alagamentos e deslizamentos de terra. Não há registros de mortes de indígenas. 

As comunidades Guarani Mbya mais afetadas são Lami e Ponta do Arado, em Porto Alegre (RS), com 18 famílias atingidas; Yva'ã Porã, em Canela (RS), com 16 famílias; Flor do Campo e Passo Grande Ponte, em Barra do Ribeiro (RS), com 25 famílias deslocadas, além de 19 famílias da aldeia Araçaty em Capivari do Sul (RS).

Confira o mapa:


Mapa é atualizado em tempo real; Imagem acima mostra situação registrada às 16h de segunda-feira (6/05/2024) / Divulgação/Cimi

O mapa atualizado em tempo real pode ser acesso clicando aqui. Além do Cimi, o levantamento é feito por Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Fundação Luterana de Diaconia, Conselho de Missão entre Povos Indígenas e Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD/Comin/Capa), além do Conselho Estadual dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul (Cepi/RS).

Dnit destruiu comunidade, afirma Cimi

A situação é ainda mais desoladora na aldeia Pekuruty, em Eldorado do Sul (RS), às margens da BR-290. Roberto Liegbott, missionário do Cimi, relatou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) destruiu as casas e edificações da comunidade na sexta-feira (3), sem qualquer consulta ou justificativa.

"Eles [Dnit] arrancaram as casas dos indígenas sem que os Guarani sequer soubessem ou tivessem sido comunicados. Os indígenas no momento encontram-se em um abrigo, mas quando retornarem, a comunidade já não existirá mais, porque o Dnit destruiu tudo”, disse Roberto Liegbott, em nota divulgada pelo Cimi. 

Segundo o Cimi, a justificativa do Dnit foi o conserto de uma tubulação que passa pela comunidade. O Brasil de Fato procurou o órgão federal, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. À Folha de S.Paulo, o Dnit afirmou que "trabalha para recuperar a trafegabilidade da rodovia" e que tem "compromisso com a preservação da vida e recuperação imediata da infraestrutura".

"Vale destacar que esta é uma ação emergencial de implantação do um novo sistema de drenagem com quatro galerias pluviais em concreto e recomposição da pista. O trabalho de urgência visa ao restabelecimento de um corredor logístico para garantir o abastecimento, operações do sistema de saúde e demais necessidades", diz a nota do Dnit ao jornal paulista.

Saiba como doar

O objetivo do mapa elaborado pelas organizações indígenas e indigenistas é iniciar uma campanha de doação aos atingidos e subsidiar com dados a elaboração de políticas públicas voltadas aos indígenas.

O Cimi Regional Sul, a ArpinSul e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) abriram uma conta bancária para receber doações em dinheiro. As organizações solicitam também doações de alimentos, materiais de higiene e limpeza, lonas, telhas, colchões e cobertores.

Em Porto Alegre (RS), donativos aos indígenas podem ser entregues na Paróquia Menino Jesus de Praga, Rua Dr. Pitrez, 61, bairro Aberta dos Morros, das 8h às 12h e das 14h às 18h.

Doações em dinheiro podem ser feitas para:

Banco do Brasil
Agência: 0321-2
Conta Corrente: 128891-1
Cimi Regional Sul

Chave Pix: 566601e8-72b1-4258-a354-aa9a510445d1

Pix via QR Code:


Campanha recolhe contribuições para indígenas do Rio Grande do Sul / Divulgação

Presidenta da Funai está no Rio Grande do Sul  

Segundo a Fundação dos Povos Indígenas (Funai), pelo menos 466 famílias indígenas ficaram desalojadas no Rio Grande do Sul. O total de famílias indígenas atingidas direta e indiretamente é de 8 mil. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo

A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, que está no Rio Grande do Sul, determinou que os indígenas atingidos sejam incluídos nos planos de trabalho do órgão indigenista. Ela também participou de uma reunião sobre as cheias na Assembleia Legislativa em Porto Alegre.

Segundo Joenia, haverá necessidade de políticas públicas específicas para ajudar as comunidades a reconstruir suas vidas. Com o apoio das Coordenações Regionais e Técnicas Locais, a Funai declarou que está ajudando a identificar as necessidades desses povos para garantir a inclusão nas medidas de auxílio governamentais.

"Quando houver esse planejamento das instituições, é necessário considerar as especificidades dos povos indígenas que vivem tanto na área rural quanto no contexto urbano", acrescentou a presidenta da Funai, em nota divulgada no site do órgão indigenista. 

Edição: Thalita Pires