O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs nesta quarta-feira (24) a formação de uma confederação de países que integram a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O chefe do Executivo venezuelano fez o discurso durante a 23ª Cúpula de Chefes de Estado da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América -Tratado Comércio dos Povos (Alba-TCP), em Caracas. Em sua fala, Maduro falou também sobre a participação de Porto Rico no grupo como “um país independente”.
Maduro disse que os chefes de Estado da Alba devem buscar alcançar os “objetivos dos libertadores e libertadoras” e avançar com a formação de uma confederação dos países da Celac.
“Conseguimos, em um momento estelar da Alba e do Petrocaribe, dar o passo histórico e fundar a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos. Agora, projetamos o sonho dos libertadores e libertadoras, de que algum dia possamos ter força, capacidade e vontade política para passar de uma poderosa Celac para uma Confederação de Estados, povos e governos da América Latina e Caribe”, afirmou.
O presidente da Venezuela também pediu a independência e a participação de Porto Rico neste grupo. “Precismos construir uma nova Celac que tenha Porto Rico conosco, como um Estado livre. Não ao colonialismo de Porto Rico!”, disse. Porto Rico é um Estado Livre Associado aos EUA.
Agenda 2030
Na abertura da cúpula, Maduro lançou a Agenda 2030 da Alba. O documento foi discutido durante a manhã desta quarta-feira entre os presidentes, votado e aprovado pelos chefes de Estado integrantes do grupo. O texto tem 7 eixos de ações dos países.
Primeiro, o documento propõe a criação de uma agência de desenvolvimento que terá o objetivo de captar recursos para projetos de desenvolvimento. Também foi debatido o relançamento do Petrocaribe, um programa de fornecimento de petróleo a países caribenhos criado pelo ex-presidente Hugo Chávez em 2005. O programa durou 14 anos e foi interrompido apenas depois das sanções estadunidenses contra a indústria petroleira venezuelana em 2019, quando sua estrutura comercial foi desmobilizada.
Os presidentes debateram também um plano para fomentar e investir na autossuficiência alimentar dos países latino-americanos. Este eixo propõe a criação de planos conjuntos para o uso de sementes orgânicas, fertilizantes e máquinas agrícolas. O texto também coloca como meta a assinatura e adoção do tratado de comércio dos povos. O objetivo é transformar a Alba em uma “zona de comércio justa” e que os países sejam complementares em diferentes setores da economia.
O grupo também discutiu um programa especial de desenvolvimento científico, cultural e comunicacional entre os países integrantes, o relançamento do programa Alba Saúde, com formação de médicos, médicas, enfermeiras e avançar na criação de uma agência para a mitigação das mudanças climáticas.
Segundo Maduro, a agenda é “atualizada aos tempos em que estamos vivendo” e foi construída a partir do diálogo com diferentes países. Ele destacou também que a agenda tem o objetivo de ir além da busca por uma integração. “[É preciso] passar da visão só de integração, que é importante, para uma visão superior, que é a visão dos nossos libertadores e libertadoras, de construir a união da nossa região e dos nossos povos”, afirmou.
Maduro disse também que a Alba "nasceu como uma alternativa ao neoliberalismo que se tornou uma aliança pela vida" e que a agenda tem agora a possibilidade de ampliar essa atuação.
Além de Maduro, outros nove representantes de países que compõem a Alba estiveram presentes: Gaston Browne (primeiro-ministro de Antígua e Barbuda), Ralph Gonsalves (primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas), Daniel Ortega (presidente da Nicarágua), Miguel Díaz-Canel (presidente de Cuba), Roosevelt Skerrit (primeiro-ministro da Dominica), Luís Arce (presidente da Bolívia), Phillip J. Pierre (primeiro-ministro de Santa Lucía), Joseph Andall (chanceler de Grenada) e Norgen Wilson (embaixador de São Cristóvão e Névis na Venezuela).
A cúpula foi realizada na esteira do Encontro para uma Alternativa Social Mundial, que aconteceu em Caracas de 18 a 20 de abril. Movimentos populares se reuniram para discutir as possibilidades de um novo mundo frente ao capitalismo. Os debates contaram com a representantes de organizações de 60 países, com protagonismo da América Latina e foi organizado pela Alba.
Edição: Lucas Estanislau