As recentes tensões entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL), estão mais ligadas à corrida pela sucessão no comando da casa do que a qualquer disputa ideológica. Essa é a avaliação do cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP).
"Lira pressiona muito o governo federal porque há muito interesse dele em garantir a sucessão na presidência da Câmara. Ele quer deixar um nome de confiança na como seu sucessor. Ao mesmo tempo, o governo Lula não parece muito interessado em manter uma aliança com o Lira. E ele tem muito perder se não deixar o sucessor", aponta Ramirez, em entrevista do jornal Central do Brasil.
Para o cientista político, as ameaças de abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), a tensão em torno da votação sobre a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (PL-RJ) – acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco – e as críticas ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP) se enquadram todas na questão da sucessão na Câmara.
"A crítica ao Padilha vem exatamente por isso. O Lula também cortou a torneira literalmente que cedia verbas de gabinete ao Lira e seus aliados. Enquanto que os recursos das verbas de gabinete que vêm do Executivo em direção ao parlamento têm sido mais distribuídos aos aliados do governo. Recentemente, em Alagoas, o Lula retirou o primo de Lira da chefia do Incra e isso o incomodou muito", destaca Ramirez.
Nesta semana, tanto Lira quanto Padilha acalmaram os ânimos. O presidente da Câmara não chegou a encaminhar as propostas de CPI. E a votação dos vetos presidenciais, outro trunfo de Lira para pressionar o governo Lula, foi adiada para dia 9 de maio.
A entrevista completa está disponível na edição desta quinta-feira (25) do Central do Brasil. que pode ser acessada no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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Edição: Nicolau Soares