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MST: Reforma agrária é 'sonho do passado que permanece nos dias atuais'

No Abril Vermelho, movimento diz que governo deve tomar a frente deste desafio e comenta ofensivas sofridas recentemente

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Para MST, reforma agrária é "sonho do passado" que permanece nos dias atuais - Kaick Carvalho, Greiciane Souza e Daniel Violal

Em 17 de abril, comemora-se o Dia Internacional de Luta Camponesa. A data foi criada com base no Massacre de Eldorado do Carajás, que aconteceu em 17 de abril de 1996, no Pará. Naquela ocasião, 21 trabalhadores rurais foram assassinados, e dezenas ficaram feridos. 

Para marcar a data, nesta quarta-feira (17) o MST realizou um ato no local em memória das vítimas, com a presença de alguns dos sobreviventes do massacre. Essa ação, entre outras realizadas por todo o país, faz parte do Abril Vermelho, tradicional mês de luta realizado todos os anos pelo MST para reivindicar políticas de reforma agrária no Brasil. 

Para Ayala Ferreira, da Direção Nacional do Setor Direitos Humanos do MST, o Governo Federal precisa assumir o desafio da implementação da reforma agrária. “É um sonho do passado que permanece nos dias atuais”, afirmou, em entrevista ao programa Central do Brasil nesta quarta-feira (17).

Nesse sentido, o programa Terra da Gente, lançado no início da semana pelo Governo Federal, é visto como um passo importante, mas que precisa ir além, com um plano mais audacioso do que o previsto atualmente. 

“É preciso atender cerca de 60.000 famílias que hoje vivem nos acampamentos espalhados pelo país inteiro. Precisaríamos de cerca de 2 bilhões de reais para assentar essas famílias que estão há 10, 12 ou até mesmo 15 anos acampados”, diz Ferreira. 

Em meio às celebrações pelos 40 anos de existência, o MST enfrenta também um pacote de leis colocadas em votação no Congresso que podem dificultar as ocupações de terra e criminalizar o movimento. 

Para Ferreira, é preciso abrir um diálogo com a sociedade brasileira sobre o direito à organização e à mobilização. 

“A reforma agrária é uma política de estado prevista na Constituição de 88. O que o MST faz é organizar os trabalhadores para fazer mobilizações, e somar forças para a implementação dessas políticas. Então, a gente sabe que é mais uma ofensiva como foram tantas no passado. Hoje é o MST. Amanhã, podem ser os professores, os trabalhadores da saúde, e tantos outros que vão se organizar para fazer valer seus interesses. Precisamos nos defender hoje para, de uma vez por todas, romper com essa tentativa de criminalizar aqueles que organizam lutas no Brasil”, defende. 

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quarta-feira (17) do Central do Brasil, que está disponível no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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Edição: Matheus Alves de Almeida