A delegação do Exército de Libertação Nacional (ELN) nos diálogos de paz anunciou nesta quinta-feira (11) que a mesa de diálogo com o governo da Colômbia está “congelada”. O encontro estava marcado para acontecer em Caracas a partir do dia 12. As duas partes farão uma reunião extraordinária para discutir os desdobramentos das negociações.
Em comunicado, o ELN disse que a “persistência do governo” de fazer operações para desmobilizar o grupo guerrilheiro no estado de Nariño foi responsável pela pausa nas conversas. De acordo com o grupo, o governo atuou em duas frentes durante o mês de março: de um lado negociava de forma oficial e, do outro, tentava desmontar as operações do ELN em Nariño.
O grupo afirma que já tinha alertado o governo sobre esses atos depois da reunião de 26 de fevereiro realizada em Havana e que a permanência dessas operações colocaria em xeque as negociações.
A delegação do governo emitiu uma nota afirmando que “é necessário não perder tempo”. Segundo o documento, os representantes do estado colombiano estão em Caracas para debater e consideram que é necessário concentrar os trabalhos para “avançar nos processos de paz”. No comunicado, o governo reconhece a “grave situação” dos estados de Arauca, Chocó e Nariño, mas afirma que é preciso “abordar assuntos fundamentais” como os direitos das vítimas.
Apesar de ampliarem o cessar-fogo até agosto depois da reunião de fevereiro em Cuba, a atuação do governo em Nariño tem sido criticada pelo ELN e as duas partes têm apresentado divergências nas negociações nos últimos meses. O governo decidiu em março abrir diálogos regionais pela paz. O grupo armado afirmou que o governo está desrespeitando os acordos de cessar-fogo firmados nas mesas de negociação a partir de negociações “por fora do processo nacional” no Estado de Nariño.
As negociações de paz oficiais envolvem o ELN, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Conferência Episcopal colombiana. Com isso, o grupo chegou a anunciar o congelamento das negociações por paz com o governo e disse que o processo estava em “crise aberta”.
O governo da Colômbia chegou a anunciar a criação de uma Região de Paz no Estado, o que foi rebatido pelo ELN. O chefe do grupo, Antonio García, negou que esse diálogo tenha sido realizado e disse que o objetivo do governo é “criar um show com uma suposta desmobilização, para mostrar um ELN rachado”.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, esteve nessa semana em Caracas para uma reunião com o chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro. Depois do encontro, Petro disse que a Venezuela podia ajudar o país na construção de uma "paz armada" e afirmou que os venezuelanos já ajudaram muito a Colômbia a resolver conflitos com grupos armados em governos anteriores e que a ideia, agora, é reforçar essa cooperação.
“A Venezuela pode nos ajudar muito e já fez por muitos anos em governos anteriores ao meu, no tema dos conflitos armados. Exitosos no governo de [Juan Manuel] Santos e que temos que construir agora nos nossos governos”, disse Petro.
Edição: Lucas Estanislau