Os ministérios das Relações Exteriores de Colômbia e Argentina divulgaram neste domingo (31) nota conjunta afirmando que mantêm conversas para “fortalecer as relações diplomáticas”. O documento foi divulgado depois de uma crise entre os países na última semana, que culminou com a expulsão do corpo diplomático argentino de Bogotá.
A medida do governo colombiano de Gustavo Petro foi tomada depois que o presidente da Argentina, Javier Milei, se referiu ao mandatário da Colômbia como “assassino terrorista” em uma entrevista à CNN. A chancelaria colombiana reagiu com nota afirmando que “esta não é a primeira vez que o senhor Milei ofende o presidente colombiano, afetando as relações históricas de irmandade entre a Colômbia e Argentina”.
Na sequência, a Colômbia afirmou que expulsaria o corpo diplomático da Argentina de Bogotá. No documento, o governo colombiano afirmou que o embaixador da Argentina no país, Camilo Romero, voltaria para Buenos Aires até que o novo embaixador fosse anunciado por Milei.
Segundo a Casa Rosada, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, fará uma visita oficial à Colômbia, mas ainda não há data marcada.
O texto ressalta também que os dois países estão dando “passos concretos para superar qualquer diferença” e que darão continuidade a uma relação diplomática estabelecida há 201 anos.
Comunicado conjunto @CancilleriaARG - @CancilleriaCol pic.twitter.com/BrMmJF5kDN
— Cancillería Colombia (@CancilleriaCol) April 1, 2024
A declaração do presidente argentino não foi o primeiro ataque de Milei a Petro. Em janeiro o argentino já havia chamado Petro de “comunista assassino”, em entrevista à TV colombiana. Na época, a chancelaria da Colômbia repudiou as declarações afirmando que “o governo rejeita veementemente esta afirmação que ataca a honra do presidente” e que as palavras de Milei “ignoram e violam a amizade profunda entre os dois países”.
Petro foi militante do grupo guerrilheiro Movimento 19 de Abril (M-19) na sua juventude e tinha o codinome de "Comandante Aureliano". Organizado após a denúncia de fraudes na eleição de 1970, o M-19 fez parte de uma onda de movimentos guerrilheiros na América Latina que também contou os Tupamaros no Uruguai e os Montoneros na Argentina .Na década de 1970, o M-19 abandonou as armas e se transformou em um partido político.
Mesmo antes da posse, Milei começou a atacar outros governos de esquerda da América do Sul. Disse que romperia relações com o governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva e chamou o presidente do México, Manuel López Obrador, de “ignorante”. Na mesma entrevista concedida à CNN, Milei pediu mais sanções diplomáticas à Venezuela e chamou o presidente Nicolás Maduro de “ditador”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho