O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, terá pela frente na disputa presidencial marcada para 28 de julho o 2º maior número de concorrentes em uma eleição dos últimos 31 anos. Isso porque desde 1993 só um pleito teve mais participantes do que o deste ano: o que foi realizado em 2006 e contou com 14 candidatos.
No cenário político venezuelano, onde o chavismo é força política hegemônica há anos, a oposição frequentemente se fragmenta em períodos eleitorais e, desta vez, não foi diferente: serão 12 candidatos tentando impedir nas urnas a reeleição de Maduro.
Parte da oposição apostava no nome da ex-deputada María Corina Machado, do Vente Venezuela, para enfrentar o atual presidente. Mas a opositora está inabilitada de ocupar cargos públicos por 15 anos e, por isso, escolheu a professora Corina Yoris para seu lugar. Ela também não conseguiu se inscrever alegando problemas no site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Sem Corina, o governador de Zulia, Manuel Rosales, do partido Un Nuevo Tiempo (UNT), que se inscreveu na noite de 25 de março, surge como nome forte da direita para a disputa.
A corrida eleitoral de 2024 tem cinco candidatos a menos do que as eleições de 1993, na qual 18 candidatos disputaram o pleito. Naquele momento, o vencedor foi Rafael Caldeira, que liderou uma aliança com 17 pequenos partidos na coalizão chamada Convergência Nacional. Era um período conturbado para a política venezuelana – depois do Caracazo e da prisão da jovem e recente liderança, Hugo Chávez – e o número de participantes não foi sinônimo de participação popular: a abstenção ficou em 38,84%.
As eleições seguintes foram em 1998 e ficaram marcadas pela vitória de Hugo Chávez. Depois de deixar a prisão, o ex-presidente liderou o Movimento Quinta República (MVR) para vencer a disputa contra Henrique Salas Romer. O líder da esquerda venezuelana recebeu 56,2% dos votos em uma corrida que contou com 10 adversários.
Logo depois da posse de Chávez, uma nova Constituição foi aprovada e, com isso, foi preciso fazer uma nova eleição. Novamente o ex-militar saiu vencedor, mas dessa vez contra apenas dois adversários. Chávez recebeu 57% dos votos, enquanto Francisco Arias Cárdenas teve 37%.
Seis anos depois, foram disputadas as eleições com maior número de candidatos desde a vitória de Caldeira, em 1993. Em 2006, o pleito teve 14 candidatos inscritos e contou com a participação de Manuel Rosales, atual candidato para eleições, como principal oponente de Hugo Chávez. Naquela época, ele já liderava o UNT, mas perdeu a disputa com 36,9% dos votos. No auge da popularidade, Hugo Chávez recebeu 62,84% e foi reeleito pela 3ª vez.
Em 2012, Chávez novamente venceu a disputa, mas dessa vez contra somente cinco opositores. O resultado foi mais apertado e o líder do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) venceu com 55% dos votos. Henrique Capriles estava à frente do Primero Justicia e teve 44,31%.
O ex-presidente morreu de câncer no começo do ano seguinte e, segundo a Constituição, era necessário a convocação de novas eleições presidenciais. O Conselho Nacional Eleitoral convocou o pleito presidencial que seria o mais apertado para o chavismo. No mesmo ano, o então vice-presidente Nicolás Maduro venceu a corrida eleitoral com 50,61% contra 49,12% de Henrique Capriles. Além dos dois, outros quatro candidatos participaram daquela disputa.
Em 2018, já com um governo consolidado e enfrentando o aumento das sanções dos Estados Unidos, Maduro foi para a reeleição e venceu com 67,84% dos votos. O principal opositor foi Henri Falcon, representando o Copei. Ele recebeu 20,93% em uma disputa com outros dois candidatos
Regras eleitorais
As eleições na Venezuela são realizadas em turno único, portanto quem receber mais votos é eleito. O mandato presidencial dura seis anos.
Os eleitores votam em urnas eletrônicas que imprimem os comprovantes de votações em cédulas. O eleitor confere se o voto foi registrado de forma correta e deposita o comprovante em uma urna para eventual recontagem dos votos. O Conselho Nacional Eleitoral afirma que a Venezuela “é o primeiro país do mundo a adotar esse tipo de mecanismo”. Desde 2004, o pleito é realizado dessa forma.
As eleições de 2024 estão marcadas para 28 de julho. Os eleitores terão de 6h às 18h para votar. A campanha eleitoral será realizada de 4 a 25 de julho.
Edição: Lucas Estanislau