Massacre

Hamas diz que os 90 mortos por Israel no hospital Al-Shifa eram pacientes e refugiados: 'Crime de guerra'

Forças Armadas de Israel admitiram as mortes em comunicado onde afirmam que as vítimas seriam "terroristas"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Pacientes recebem tratamento no hospital Al-Shifa, maior da Faixa de Gaza na sexta-feira (10) - AFP

As 90 pessoas mortas pelas tropas de Israel durante a invasão ao Al-Shifa, maior hospital da Faixa de Gaza, na segunda-feira (18), eram “pacientes feridos e pessoas deslocadas” que se abrigavam dentro do hospital afirmou o porta-voz do Hamas, Ismail Al-Thawabta, à agência Reuters.

"O exército de ocupação israelense pratica a mentira e o engano ao divulgar sua narrativa como justificativa por  crimes contínuos que violam o direito internacional e o direito humanitário internacional", disse Al-Thawabta.

As Forças Armadas de Israel admitiram nesta quarta-feira (20) a responsabilidade pelas 90 mortes durante a invasão ao complexo hospitalar, por meio de comunicado no qual afirmam que as vítimas seriam “terroristas”. O texto assinado pelos militares israelenses diz que outras 160 pessoas foram presas na operação: “As tropas eliminaram terroristas e localizaram armas na área do hospital”.

O grupo palestino Hamas e a equipe médica do Al-Shifa negam que o hospital seja usado para fins militares ou para abrigar combatentes.  "O que acontece no Hospital Al Shifa é crime de guerra e faz parte do genocídio conduzida pela ocupação israelense", disse à Reuters Basem Naim, membro do Hamas que já atuou como ministro da Saúde.

Em entrevista à rede Al Jazeera, o cirurgião norueguês Mads Gilbert, ex-funcionário do Al-Shifa, compartilhou relatos de seus colegas presentes no complexo hospitalar durante a invasão israelense.

Ele disse que a equipe médica foi presa e deixada durante horas no frio e que o exército de Israel registrou seus rostos com uma câmera e os levou para o que ele descreveu como “investigações humilhantes”.

“Alguns foram obrigados a deixar o hospital e levados para lugares desconhecidos. Outros foram deslocados para o sul, seminus”, disse Gilbert. “Um médico levou um tiro no peito quando seguiu as ordens para deixar o hospital e mais tarde foi submetido a uma cirurgia no Hospital Al-Ahli Arab.”

Gilbert disse que em seus “ataques repetidos”, o exército israelense  não diferencia “entre combatentes e equipe médica, pacientes e refugiados”.

Como resultado da operação de segunda-feira, o Hospital al-Shifa deixou novamente de funcionar, segundo o médico, colocando em risco a vida dos palestinos no norte de Gaza.

Edição: Rodrigo Durão Coelho