A ONU divulgou nesta segunda-feira (18), um informe em que aponta que 1,1 milhão de pessoas, cerca de metade da população em Gaza, enfrenta um estágio de ‘fome catastrófica’, a pior categoria da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC).
"Este é o maior número de pessoas já registado como vítimas de fome catastrófica pelo sistema IPC e o dobro do número de apenas três meses atrás", afirmou o chefe da agência para refugiados palestinos da ONU, Phillipe Lazzarini em seu perfil no X. Ele afirma ter tido sua entrada negada em Gaza pelas autoridades israelenses, após a divulgação do informe do IPC: "No dia em que são divulgados novos dados sobre a fome em Gaza, as autoridades israelenses negam a minha entrada".
Sua visita nesta segunda, tinha como objetivo "coordenar e melhorar a resposta humanitária" em Gaza. “A UNRWA tem de longe a maior presença entre todas as organizações humanitárias em Gaza. Esta fome provocada pelo homem sob a nossa vigilância é uma mancha na nossa humanidade coletiva. Muito tempo foi desperdiçado, todas as passagens terrestres devem abrir agora. A fome pode ser evitada com vontade política.”
On the day new data is out on famine in #GAZA, the Israeli Authorities deny my entry to Gaza.
— Philippe Lazzarini (@UNLazzarini) March 18, 2024
-Famine is imminent in the northern Gaza Strip, expected to arrive between now and May.
- Two million people= the entire population of Gaza is facing crisis levels of food insecurity…
Segundo o sistema de monitoramento global da fome, se não houver um cessar-fogo imediato em Gaza e um aumento da distribuição de alimentos nas áreas isoladas pelos combates “a morte em massa é iminente” até o final de maio de 2024.
“As restrições israelenses à ajuda, as táticas de cerco e aos ataques militares israelenses contra civis, ajuda humanitária, profissionais de saúde e de socorro devem cessar imediatamente. A fome da população civil é ilegal nos termos do Direito Internacional Humanitário”, ressaltou Unni Krishnan, diretor do sistema de monitoramento global da ONU.
Na abertura de uma conferência sobre ajuda humanitária para Gaza em Bruxelas, o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, classificou a situação em Gaza como “um estado de fome que afeta milhares de pessoas.” "Isso é inaceitável. A fome é usada como uma arma de guerra. Israel está provocando a fome."
Em resposta, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, voltou a atacar a agência da ONU para refugiados palestinos, UNRWA, que acusou de afetar a distribuição de alimentos em colaboração com o Hamas.
Durante agenda na Cisjordânia neste domingo (17), o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, classificou a ação de Israel de utilizar a fome e a sede como armas de guerra como uma “punição coletiva” à população palestina e afirmou que o Brasil manterá a contribuição para a UNRWA.
“É ilegal e imoral retirar o acesso das pessoas à comida e à água, atacar operações humanitárias e quem está buscando ajuda. É ilegal e imoral impedir os doentes e feridos de assistência de saúde, destruir hospitais, locais sagrados, cemitérios e abrigos”, discursou Vieira na capital da Autoridade Palestina.
*Com Reuters, Al Jazeera e Agência Brasil
Edição: Rodrigo Durão Coelho