A Suécia ratificou oficialmente seu ingresso na Otan na última quinta-feira (7), tornando-se o 32º membro da Aliança do Atlântico Norte. O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, e o ministro das Relações Exteriores do país, Tobias Billström, entregaram os documentos de ratificação ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Washington, concluindo um processo que se arrastava havia dois anos.
"Em 7 de março de 2024, foram cumpridas as condições previstas no art. II do Protocolo ao Tratado do Atlântico Norte sobre a Adesão do Reino da Suécia”, diz o comunicado do serviço de imprensa do Departamento de Estado dos EUA.
Em discurso ao Congresso, o presidente dos EUA, Joe Biden, celebrou a expansão da aliança militar ocidental.
"Hoje estamos mais fortes do que nunca! Temos o prazer de dar as boas-vindas à Suécia na OTAN! Bem-vindos", disse Joe Biden.
A decisão segue os mesmos passos da Finlândia, que aderiu à organização do Atlântico Norte em abril do ano passado. Ambos os países decidiram entrar na Otan após o início da guerra da Ucrânia, rompendo, assim, uma tradição de neutralidade dos países escandinavos em relação a Moscou.
Os dois países solicitaram a adesão à Otan simultaneamente, no entanto o processo da Suécia demorou mais por resistência da Turquia e da Hungria, que vinham bloqueando o ingresso sueco, considerando que a entrada de um novo país à aliança ocidental deve ser aprovada de forma unânime por todos os membros da Otan.
O sinal verde da Hungria veio no último dia 26 de fevereiro após o parlamento húngaro ter aprovado a adesão da Suécia. Em seguida, o novo presidente do país, Tamas Szuyok, assinou o documento confirmando a aprovação. A Turquia já havia aprovado o ingresso da Suécia no final de janeiro.
A bandeira sueca deverá ser hasteada na sede da aliança em Bruxelas na próxima segunda-feira (11).
"Este é um dia histórico. A Suécia ocupará agora o seu lugar de direito na mesa de negociações da Otan, tendo uma palavra igual na definição das políticas e decisões da aliança", declarou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, em comunicado.
Rússia vê expansão da Otan como 'ameaça': 'Décadas de boa vizinhança em vão'
A expansão da aliança militar ocidental sempre foi encarada pela Rússia como uma ameaça à sua segurança. Vale lembrar que o início da guerra da Ucrânia foi, em partes, motivado e justificado pelo Kremlin por uma maior ingerência do Ocidente em Kiev. Moscou encara a Ucrânia como sua esfera de influência no espaço pós-soviético.
As autoridades russas afirmaram repetidamente que tomarão medidas em resposta à adesão da Finlândia e da Suécia à OTAN. Na semana passada, a embaixada da Rússia em Estocolmo declarou que as escolhas políticas de segurança são uma questão soberana da Suécia, mas que a decisão de aderir à aliança teria um impacto negativo na estabilidade na Europa.
Na última terça-feira (5), o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, já havia antecipado que a entrada da Finlândia e da Suécia na Otan, representando, na prática, um cerco da aliança na fronteira russa, teria como resposta um aumento da presença militar da Rússia na região fronteiriça.
"Num contexto de construção do potencial militar da Otan perto das fronteiras russas, expandindo a aliança através da entrada da Finlândia e, no futuro, da Suécia, tomamos medidas para fortalecer grupos de tropas nas direções estratégicas noroeste e oeste. Foram criados dois territórios estratégicos de associações de forças armadas no 'distritos militares de Leningrado e Moscou'", disse ele.
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O reforço da presença militar russa na fronteira a noroeste do país foi corroborada pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que acrescentou que "todas as longas décadas de boa vizinhança foram em vão".
Nesta quinta-feira (7), o vice-presidente do Conselho da Federação da Rússia, Konstantin Kosachev, declarou que a adesão da Suécia à Otan terá um impacto negativo na situação geopolítica do mundo.
"O Ministério da Defesa russo terá de prestar especial atenção à forma como a Otan planeia utilizar o território do novo país", declarou.
Já o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, fez um alerta sobre o perigo de um confronto direto entre a Federação da Rússia e a Otan.
De acordo com ele, recentemente era impossível imaginar que tanques americanos e alemães circulassem pelos campos de uma república vizinha à Rússia, e "agora já se discute sobre a participação de soldados dos exércitos da Otan em ações militares", disse o diplomata, se referindo a declarações de líderes ocidentais sobre a possibilidade de tropas da Otan participarem na guerra da Ucrânia contra a Rússia.
"Essencialmente, enfrentamos o perigo de um confronto direto entre as forças armadas da Rússia e a Aliança do Atlântico Norte na Europa Oriental", disse Antonov, observando que tal cenário não pode ser concretizado sem a aprovação dos EUA.
Edição: Rodrigo Durão Coelho