O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse nesta quinta-feira (29) que Israel já matou mais de 25 mil mulheres e crianças palestinas desde outubro na Faixa de Gaza.
"São mais de 25 mil", afirmou Austin em Washington, no mesmo dia em que soldados israelenses abriram fogo contra uma multidão que esperava ajuda humanitária, matando mais de cem pessoas e ferindo outras 700.
Militares israelenses admitiram o incidente, dizendo que os soldados se sentiram "intimidados" e por isso atiraram.
O massacre desta quinta levou o presidente dos EUA, Joe Biden, a dizer que "provavelmente" o cessar-fogo que está sendo negociado não vai acontecer até segunda-feira, como ele havia dito anteriormente esperar.
Pouco depois do massacre desta quinta, um homem matou dois israelenses em um assentamento judeu na Cisjordânia ocupada. O autor dos disparos foi morto.
Forças Armadas israelenses dizem que "um terrorista abriu fogo no posto de gasolina. Realizamos procedimentos médicos, mas (...) pouco depois tivemos que registrar a morte de dois homens, um na casa dos 40 anos e outro na casa dos 20 anos."
O massacre
Soldados israelenses dispararam contra uma multidão de palestinos que se reuniu na Cidade de Gaza para receber ajuda humanitária nesta quinta-feira (29) matando mais de cem pessoas.
"O número de mortos no massacre da rua Al Rashid [onde os alimentos eram distribuídos] é de 104 mortos e 760 feridos", disse o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf Al Qudra.
Testemunhas relataram à Agência France Press (AFP) que viram milhares de pessoas correndo na direção dos caminhões de ajuda humanitária que se aproximavam da rotatória de Nablus, ao oeste da Cidade de Gaza, principal cidade do norte do território.
Reações
"Parece uma armadilha. Assim que os caminhões se aproximaram, tanques e aviões israelenses começaram a atirar em nós. Cada comboio é um novo massacre"
— FEPAL - Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) February 29, 2024
Mais de 100 palestinos famintos assassinados por "israel" enquanto esperavam COMIDA em Gaza
29/02/2024: O Massacre da Farinha pic.twitter.com/MjA8v3vi7A
O secretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, reagindo ao massacre de palestinos desta quinta, disse que "Gaza está sendo esvaziada de vidas a uma velocidade assustadora".
"Estou horrorizado com os relatos de centenas de pessoas mortas ou feridas durante uma operação para encaminhar ajuda humanitária para o oeste da Cidade de Gaza", afirmou Griffiths nas redes sociais.
O secretário-geral da ONU "condenou" os fatos, ressaltando não saber ainda "exatamente o que aconteceu".
"Mas se estas pessoas morreram por fogo israelense, se foram esmagadas por multidões ou atropeladas por caminhões, são atos de violência, de certo modo, vinculados a este conflito", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral, António Guterres. Ela disse que a ONU não estava presente durante o incidente.
O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião emergencial para esta quinta para discutir o massacre. Desde 7 de outubro, mais de 30 mil palestinos foram mortos pelos militares israelenses.
Edição: Rodrigo Durão Coelho