O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega nesta quarta-feira (28) à Georgetown, capital da Guiana, para participar da 46ª Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom) em viagem que tem como objetivo maior mediar a crise entre Venezuela e Guiana que disputam o território de Essequibo. Ele é um dos convidados especiais, já que o Brasil não é membro do Caricom, e deve discursar durante o encerramento do evento.
A cúpula começou em 25 de fevereiro e termina nesta quarta. Lula embarcou para o país vizinho durante a manhã. Além de participar da sessão da Cúpula, ele também terá um encontro bilateral com a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley e uma reunião com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e com o presidente do Suriname, Chan Santokhi.
Os debates na cúpula giram em torno de assuntos financeiros, segurança regional e fronteiras –um dos assuntos que deve ser abordado por Lula. A disputa em torno da região de Essequibo é uma das questões que o presidente terá que equilibrar no diálogo com Irfaan Ali. Os debates pelo território na fronteira que possui 160 mil km² e reservas de petróleo vem desde o século 19, mas voltou à tona com força no debate regional depois que o presidente da Venezuela Nicolás Maduro realizou um referendo para ouvir a opinião dos venezuelanos sobre a região.
O presidente já se mostrou preocupado com a possibilidade de uma “guerra” na América do Sul em torno da disputa pela região. Além da tensão por Essequibo, Lula deve conversar com Irfaan Ali também sobre meio ambiente e a presença militar dos Estados Unidos na Guiana. Os dois países negociam a abertura de uma base militar estadunidense no território guianês.
No encerramento do evento, Lula deverá discursar sobre os assuntos que serão debatidos pelo Brasil no G20, além de fome e insegurança alimentar.
Ele já havia participado da Conferência em 2005 também como convidado. Naquele ano, a reunião foi realizada em Paramaribo, capital do Suriname. Na ocasião, Lula falou sobre a importância de estreitar a relação do Mercosul com outros países da América do Sul e defendeu um acordo de livre-comércio entre o bloco e a Comunidade do Caribe.
A Caricom foi criada em 1973 e tem sede em Georgetown. Ao todo, o bloco tem 15 integrantes e outros 5 associados. O objetivo é fortalecer a integração tanto econômica na região, quanto política e de segurança.
Participação na Celac
Depois da Caricom, Lula embarca para São Vicente e Granadinas para participar da abertura da 8ª Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que será na capital Kingstown.
Lá, é esperado que ele tenha uma reunião bilateral com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro para tratar de Essequibo, mas também sobre as eleições na Venezuela e o cumprimento do acordo de Barbados.
O Brasil foi um dos fundadores do grupo em 2011, mas deixou a Celac durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Assim que assumiu a presidência, Lula fez questões de voltar ao bloco.
Edição: Rodrigo Durão Coelho