O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, declarou nesta quinta-feira (22) que os países do Ocidente não querem realizar um diálogo sério sobre a situação da Ucrânia. A fala ocorreu durante entrevista coletiva à imprensa russa na reunião de chanceleres do G20, no Rio de Janeiro, que contou com a presença do Brasil de Fato. ´
O chanceler russo informou que não houve quaisquer contatos com os chefes da diplomacia britânica e dos EUA. Ao comentar o encontro do secretário de Estado estadunidense, Antony Blinken, com o presidente Lula, Lavrov lembrou que, após a reunião, Blinken disse aos repórteres que não via quaisquer condições para iniciar negociações sobre a Ucrânia.
"Vocês ouviram o que dizemos e confirmamos nossas palavras com os atos em Istambul há dois anos, e o que nossos colegas dizem, deixe-os explicar por que categoricamente não querem nenhum diálogo sério sobre os problemas reais que eles próprios criaram na Ucrânia", disse o chanceler, se referindo às negociações que ocorreram em março de 2022 sobre a crise ucraniana.
Segundo ele, é impossível restaurar a confiança nas relações com os EUA quando “a Rússia é abertamente declarada um Estado hostil, uma ameaça imediata que deve ser destruída e estrategicamente derrotada”. Lavrov acrescentou que Moscou não recebeu quaisquer “propostas sérias” de Washington para retomar o diálogo sobre estabilidade estratégica.
O ministro das Relações Exteriores russo declarou que a "arrogância e a preocupação do Ocidente com a russofobia" não permite falar de negociações sobre a Ucrânia. "[O Ocidente] não quer um diálogo sério", completa.
Assim, o chefe do Itamaraty observou que os discursos dos ministros das Relações Exteriores da Grã-Bretanha David Cameron e da Alemanha Annalena Bärbock foram “severamente anti-russos”, lançando diversas acusações, citando "horrores contra crianças que a Rússia está supostamente sequestrando na Ucrânia".”
Ao mesmo tempo, ele destacou que a maioria dos países do G20 não apoiou as tentativas dos representantes ocidentais de "ucranizar" a agenda e desviar a discussão dos problemas da economia. O chanceler destacou que estas tentativas falharam graças aos esforços conjuntos dos países do Sul global.
Neste sentido ele elogiou a presidência brasileira no G20 em não separar as questões geopolíticas da discussão sobre os problemas econômicos mundiais.
Lavrov se reunirá com Lula em Brasília
O ministro russo confirmou que viaja a Brasília nesta quinta-feira (22), onde se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A confirmação veio após a informação de que houve problemas com o reabastecimento do avião para o voo a Brasília.
"Acontece que aqui no Brasil praticamente não existem empresas que reabastecem aeronaves que não sejam de propriedade de corporações ocidentais. Mas quero registrar a atuação das autoridades brasileiras, que têm feito de tudo para resolver essa questão. Tal reunião levará lugar hoje", disse Lavrov.
Anteriormente havia sido relatado que, devido à falta de garantias de combustível do distribuidor local, a viagem do chanceler russo para uma reunião com o presidente do Brasil poderia não acontecer. A distribuidora Vibra não teria garantido o abastecimento da aeronave russa por receio de receber sanções dos EUA.
Edição: Rodrigo Durão Coelho