O ministro das Relações Exteriores brasileiros, Mauro Vieira, criticou a atuação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) diante de principais conflitos internacionais, como a guerra da Ucrânia e de Israel em Gaza. A declaração aconteceu na abertura da reunião dos chanceleres do G20, nesta terça-feira (21), no Rio de Janeiro (RJ).
De acordo com ele, há uma "inaceitável paralisia do Conselho de Segurança da ONU em relação aos conflitos em curso". O ministro acrescentou que esse estado de inação "implica perda de vidas".
"Nossas posições sobre os casos ora em discussão no G20, em particular a situação na Ucrânia e na Palestina, são bem conhecidas e foram apresentadas publicamente nos foros apropriados, como o Conselho de Segurança da ONU e a Assembleia Geral da ONU", disse.
A reforma da ONU é uma das prioridades da presidência brasileira do grupo, que vai até 30 de novembro deste ano. O combate às mudanças climáticas e a criação de uma aliança global contra a pobreza e a fome também estão entre as principais diretrizes da diplomacia do país.
"Sem paz e cooperação, será impossível alcançar a prometida mobilização em larga escala e a captação de recursos necessários para enfrentar as ameaças existenciais, especialmente em termos de combate à pobreza e desigualdade e proteção do meio ambiente", declarou Mauro Vieira.
"Enquanto o norte do mundo está unido em torno de uma aliança militar, os países do sul do mundo estão empenhados em estabelecer acordos de paz e cooperação. A situação extraordinária em que todo o hemisfério sul do planeta optou por ser completamente desnuclearizado é mantida fora da narrativa predominante", acrescentou.
O ministro brasileiros também criticou os enormes gastos militares dos países ricos em detrimento de investimentos no desenvolvimento e combate às mudanças climáticas.
"Não é aceitável que o mundo ultrapasse a marca de US$ 2 trilhões em gastos militares, enquanto os programas de ajuda e assistência ao desenvolvimento arrecadam apenas US$ 60 bilhões no total, equivalente a menos de 3% dos gastos com Defesa; e os gastos para combater as mudanças climáticas no âmbito do Acordo de Paris não alcancem os US$ 100 bilhões por ano, cerca de 5% dos gastos militares", afirmou.
Mauro Vieira também fez um apelo que os ministros presentes na reunião rejeitassem o "uso da força, a intimidação, as sanções unilaterais" como meio de interagir na arena internacional, valorizando os compromissos assumidos na Carta da ONU.
"Encorajo todos os países a iniciarem o diálogo reiterando seus compromissos sobre a carta das Nações Unidas e rejeitando publicamente o uso da força, a intimidação, as sanções unilaterais, a espionagem, a manipulação em massa das mídias sociais e quaisquer outras medidas incompatíveis com o espírito e as regras do multilateralismo como meio de lidar com as relações internacionais", completou.
*enviado do Brasil de Fato ao encontro do G20
Edição: Thalita Pires