A Comissão Eleitoral Central (CEC) bloqueou a candidatura de Boris Nadezhdin para as eleições presidenciais na Rússia. Ele era o único candidato abertamente anti-Putin e contra a guerra na Ucrânia e vinha angariando um aumento significativo nas intenções de voto.
A justificativa para não permitir a submissão da candidatura de Nadezhdin foi de que mais de 15% das assinaturas apresentadas para o registro da candidaturas continham irregularidades, superando o limite estabelecido de no máximo 5%.
O político apresentou 105 mil assinaturas de cidadãos como parte do protocolo para registro de candidatos.Tecnicamente, Nadezhdin precisava recolher 100 mil assinaturas em pelo menos 40 regiões da Rússia para estar apto a concorrer nas eleições. Nadezhdin alegou ter conseguido mais que o dobro, selecionando as melhores 105 mil para não enfrentar problemas na inscrição.
A equipe de Nadezhdin não conseguiu provar à comissão que as assinaturas foram rejeitadas por engano. O político afirma que irá recorrer à Suprema Corte da Rússia para reverter a recusa.
A decisão da Comissão Eleitoral Central saiu nesta quinta-feira (8) após uma votação por unanimidade pela negação do registo de Nadezhdin. O político pediu o adiamento da decisão sobre o registo até 10 de fevereiro para continuar a verificação das assinaturas, mas a chefe da comissão, Ella Pamfilova, negou a prorrogação do prazo.
Como resultado da reunião, a Comissão Eleitoral Central afirmou que "tem total clareza" de que haverá quatro nomes nas urnas: o atual presidente, Vladimir Putin, o líder do Partido Liberal Democrata, Leonid Slutsky, o membro do Partido Comunista, Nikolai Kharitonov, e o representante do partido Novo Povo, Vladislav Davankov.
A campanha de recolhimento das assinaturas de apoio a Boris Nadezhdin movimentou o período pré-eleitoral, chamando a atenção pelo grande engajamento das pessoas formando enormes filas para submeter as assinaturas em prol do candidato.
O engajamento popular, sobretudo de jovens, para se somar à campanha de apoio ao candidato de oposição, foi encarada como o mais importante – e praticamente o único – movimento de mobilização social de contestação ao governo russo desde o início da guerra da Ucrânia, considerando que os primeiros protestos contra o conflito, em fevereiro de 2022, foram duramente reprimidos pelas forças de segurança.
Com a vitória tida como certa, o presidente Vladimir Putin deve assumir o seu quinto mandato como presidente da Rússia. De acordo com a atual constituição, alterada por referendo em 2020, Putin ainda tem direito se reeleger nas eleições seguintes, podendo ficar no poder até 2036.
Edição: Lucas Estanislau