O chefe do comitê militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), almirante Rob Bauer, afirmou na última quinta-feira (18) que a população civil deve se preparar para o fato de que uma guerra poderá eclodir com a Rússia nos próximos 20 anos. "Devemos compreender que a nossa existência pacífica não é um dado adquirido e é por isso que devemos nos preparar para um conflito com a Rússia", disse.
Segundo Bauer, os países da aliança militar precisam "estar preparados para tudo". "Precisamos criar um sistema que nos permita formar mais pessoas no caso de guerra, independentemente de isso acontecer ou não", disse.
As falas ocorreram no mesmo dia em que a Otan anunciou a convocação de 90 mil soldados de países membros da aliança e da Suécia para a realização de exercícios militares. O comandante-geral da organização na Europa, o general Christopher Cavoli, informou que as manobras irão simular um cenário de um "ataque russo".
Este será o maior exercício militar da Otan desde os tempos da Guerra Fria. As manobras terão início na semana que vem e acontecerão até meados de maio deste ano. "A aliança vai demonstrar sua habilidade para reforçar a região do Atlântico e da Europa com um movimento transatlântico de forças", disse Cavoli.
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Bauer também reiterou a "necessidade" da Otan estar "mais preparada" para uma gama ampla de ameaças e, para isso, desenvolver um sistema que permita que mais pessoas sejam convocadas para o serviço em caso de guerra. O almirante citou como exemplo declarações das autoridades suecas, que afirmaram que o país precisa se preparar para a guerra. De acordo com ele, os outros países da aliança deveriam começar "com a constatação de que nem tudo ficará bem nos próximos 20 anos".
No dia 8 de janeiro, o ministro sueco da Defesa Civil, Karl-Oskar Bulin, apelou aos cidadãos do país para que estivessem preparados para a possibilidade de uma guerra. Ele disse que apesar do país ter sido neutro durante muitos anos, a paz "não é uma constante imutável" e pediu que todos os cidadãos ajudem na criação de uma defesa total da Suécia. O país nórdico ainda não faz parte da Otan, mas já protocolou um pedido formal de entrada na aliança militar ocidental.
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Em outubro do ano passado, foi o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, quem fez declaração semelhante, apelando à preparação para um possível conflito na Europa.
A Rússia, por sua vez, repetidamente declarou que não representa uma ameaça para os países da Otan, mas não irá ignorar ações que sejam potencialmente perigosas para os seus interesses.
Edição: Lucas Estanislau