O Congresso Nacional sedia na próxima segunda-feira (8) um ato com representantes dos Três Poderes e cerca de 500 convidados para marcar um ano dos ataques golpistas de 8 de janeiro, promovidos por bolsonaristas que não aceitaram o resultado das urnas e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Chamado de "Democracia inabalada", o ato terá a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (PSD), e presidente do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso.
Também devem participar a ex-ministra do STF que presidia a corte na época dos ataques, Rosa Weber, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e cerca de 500 convidados, entre ministros de tribunais superiores, governadores, prefeitos, ministros do TCU, ministros de Estado, presidentes de tribunais de Justiça dos Estados, presidentes de assembleias legislativas dentre outros.
Presidente convida autoridades
Lula tem se mobilizado pessoalmente para convidar as autoridades. Além de seus próprios ministros, que ele solicitou para participarem do ato, o petista procurou ministros do STF e convidou publicamente os governadores dos estados.
Lula fez o pedido em evento com alguns governadores, entre eles o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no último dia 12 de dezembro: "Estou convidando todos os governadores, porque dia 8 de janeiro vamos fazer um ato aqui em Brasília para lembrar o povo que tentou-se dar um golpe no dia 8 de janeiro e que ele foi debelado pela democracia desse país", disse o presidente.
A expectativa é de que pelo menos seis autoridades discursem no dia do evento. Além de Lula, Lira, Pacheco e Barroso, também deve falar o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelas investigações contra os envolvidos nos ataques e por determinar as prisões dos manifestantes que estavam acampados em frente ao quarte general do Exército em Brasília após os ataques.
Em paralelo ao evento, o Supremo Tribunal Federal vai promover em seu edifício-sede no dia a mostra "Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia", voltada à preservação da memória institucional da corte, que foi o edifício mais depredado pelos manifestantes no ano passado.
A mostra reunirá cenas que simbolizam tanto a resistência do STF ao retomar suas atividades, quanto os esforços das equipes envolvidas na reconstrução e restauração do patrimônio do Supremo.
Possíveis manifestações e ausência de oposicionistas
Em meio aos esforços das autoridades para organizar um ato para demonstrar a união e pacificação do país, alguns grupos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) têm convocado manifestações nas redes sociais e aplicativos de mensagens. Os episódios estão sendo monitorados pelas forças de segurança e, até o momento, a avaliação é de que as convocações não têm conseguido mobilizar apoiadores.
Em entrevista à Rádio Eldorado nesta quarta (3), o ministro da Justiça em exercício, Ricardo Cappelli (PSB), afirmou que não há situações que mais preocupantes. "Até o momento, não há nada que gere preocupação maior, adicional. Claro que essas informações de inteligência mudam todo dia, mas até o momento não há nada que gere preocupação", disse.
Além disso, segundo a Folha de S. Paulo, alguns governadores de oposição ao governo federal não devem comparecer ao evento. Um deles deve ser o próprio Tarcísio de Freitas, que está em viagem à Europa e só deve retornar ao Brasil na noite do dia 8.
Ainda segundo a reportagem, nenhum dos governadores da região sul deve comparecer e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, não confirmaram se vão participar.
Até o momento, o Supremo Tribunal Federal condenou trinta pessoas pelo envolvimento nos ataques golpistas do ano passado. Ao todo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 1,4 mil pessoas envolvidas nos ataques.
Edição: Nicolau Soares