O presidente Lula da Silva concluiu o primeiro ano de mandato sem conseguir diminuir o clima de polarização política no país e diante de uma Congresso extremamente conservador. Esse cenário foi confirmado pela mais recente pesquisa da Genial/Quaest, que percebeu uma manutenção, em linhas gerais, do desenho observado nas eleições de 2022.
O sociólogo e militante do Movimento Brasil Popular, Frederico Santana Rick, concorda com os dados apontados pela pesquisa e aponta que, apesar dos esforços do governo, dificilmente o país deve superar esse clima de polarização rapidamente.
"Não temos sinais no curto prazo de que essa polarização vai arrefecer. Então, portanto, esse governo de União Nacional, que o governo Lula tanto pretende e quer, está correto nos objetivos, está correto na estratégia que ele adota, está correto na preocupação dele de a gente deixar de disseminar ódio na sociedade e romper um pouco a falta de diálogo, mas é bem difícil", observou.
Frederico também comentou sobre os desafios políticos enfrentados pelo presidente e sobre como o conservadorismo está enraizado no Congresso, o que dificulta a aprovação de medidas importantes.
"Os quatro anos de governo Bolsonaro e o golpe de 2016 criaram uma conjuntura muito favorável para as forças de extrema direita. E essa conjuntura favorável se expressa no Congresso Nacional que nós temos. É um Congresso hoje mais conservador do que o eleito lá em 2018", avalia Frederico, ressaltando que esta composição do legislativo representa uma grande dificuldade para governo.
"A gente não tem presidentes das casas afinados com o programa democrático popular do presidente Lula. O programa deles é um programa ainda voltado para os interesses liberais, os interesses de mercado. A situação não está nada fácil. Todas as medidas do governo enviadas ao Congresso foram desidratadas. Concordo novamente com o presidente Lula da importância do diálogo, mas a bem da verdade é que nós elegemos um governo de centro esquerda e um congresso de centro direita, direita, de extrema direita. Então, a situação realmente tende a ser bastante difícil para o governo".
Frederico considera como um fato importante desse primeiro ano de mandato a retomada dos programas sociais. São estas ações, avalia, que beneficiam diretamente a maioria do eleitorado petista. Mas, ele pondera que as conquistas materiais fruto dessas políticas públicas não conseguem furar a bolha ideológica do bolsonarismo.
"Apesar da redução da inflação, da redução do custo da cesta básica, da redução do desemprego, quem pensa com a cabeça do fascismo, da extrema direita, quem segue ainda nas redes do bolsonarismo, ainda não consegue olhar para essa realidade com bons olhos e segue com uma avaliação então negativa do governo", concluiu.
A entrevista completa está disponível na edição desta quarta-feira(20) do Central do Brasil no canal do Brasil de Fato no YouTube
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Edição: Rebeca Cavalcante
