Com mais de 18 mil palestinos mortos devido à intensa ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza e condições de vida cada vez mais degradadas, os ataques e contra-ataques se intensificam em frentes variadas nesta terça-feira (12), envolvendo Israel, o Hamas e aliados dos dois lados.
Autoridades em Gaza dizem que foram mortos cerca de 300 palestinos em 24h entre segunda e terça-feira. O número de feridos se aproxima de 50 mil.
Dentro dos limites territoriais da Faixa de Gaza, os combates se concentram principalmente em Khan Younis, cidade importante do sul. Nos arredores do território palestino, houve mais um ataque marítimo de rebeldes iemenitas, desta vez a um navio de bandeira norueguesa, que foi defendido por países ocidentais.
Khan Younis
Tanques e tropas avançaram nos últimos dias para o centro de Khan Younis, onde as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram ter atacado túneis subterrâneos, nos quais estaria escondido Yehiya Sinwar, líder do Hamas na Faixa de Gaza e apontado por Israel como o mentor por trás dos ataques de 7 de outubro, que mataram pelo menos 1.200 pessoas e serviram de pretexto para o massacre perpetrado na Faixa de Gaza desde então.
Segundo o porta-voz das IDF, Daniel Hagari, as tropas estão travando "batalhas intensas e difíceis" em Khan Younis, maior cidade do sul de Gaza, que antes da guerra tinha 400 mil habitantes, ou seja, cerca de 20% de toda a população do território que tem extensão territorial comparável à Zona Leste da cidade de São Paulo.
Lá ficam pontos importantes da infraestrutura civil, como o Hospital Nasser, e também um dos oito campos da ONU para refugiados palestinos. O campo de Khan Younis, com cerca de 88 mil refugiados registrados, está superlotado e a maior parte da água que ali chega é imprópria para consumo, segundo a UNRWA, a agência das Nações Unidas para refugiados palestinos.
Condições desumanas
A intensa operação militar israelense na Faixa de Gaza já deixou ao menos 18.205 palestinos mortos, a maioria crianças e mulheres inocentes, segundo o último balanço do Ministério da Saúde local, que monitora diariamente os reflexos dos incessantes ataques de Israel.
As autoridades locais emitiram um alerta sobre o terrível estado do sistema de saúde de Gaza, ao informarem que mais de 300 funcionários de equipes médicas foram mortos pelos bombardeios recentemente. A organização Médicos Sem Fronteiras denunciou a impossibilidade de atender tanta demanda por falta de recursos básicos, já que o sistema de saúde está "totalmente colapsado", segundo a coordenadora da entidade, Marie-Aure Perreaut.
Outro problema sério é a escassez de alimentos, a ponto de Gaza estar à beira da fome, como apontou um movimento camponês da Palestina.
Resistência no mar
Um míssil atingiu um navio comercial de bandeira norueguesa chamado Strinda no Mar Vermelho na segunda-feira (11), no mais recente ataque lançado a partir de áreas do Iêmen controladas por militantes houthis, causando um incêndio a bordo, mas sem vítimas.
Os houthis, que tem atacado navios que consideram ter vínculos com Israel, reivindicaram a responsabilidade pelo ataque. O USS Mason, um destróier estadunidense que patrulha o Mar Vermelho, saiu em defesa da embarcação, assim como a fragata francesa Languedoc, que afirma ter derrubado um drone que se dirigia ao Strinda.
Assembleia Geral da ONU
Na última sexta-feira os Estados Unidos vetaram, mais uma vez, resolução que pedia um cessar-fogo das ofensivas israelenses em território palestino no Conselho de Segurança da ONU, sob a alegação de que o texto era "desequilibrado" e "desconexo da realidade".
Após o veto dos EUA, a Assembleia Geral da ONU se reúne de forma emergencial nesta terça (12) para debater e tentar apontar um caminho que atenue o sofrimento dos palestinos, uma necessidade que o secretário-geral da entidade, António Guterres, tem apontado com insistência.
Futebol de Israel perde patrocínio
A empresa Puma anunciou que não vai mais patrocinar a Associação Israelita de Futebol (IFA, na sigla em inglês) a partir de 2024. Embora seja um dos alvos do BDS, movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções liderado pelos palestinos, a marca de material esportivo alegou que a decisão de encerrar o patrocínio não tem relação com esse fato.
Ao se desvincular do BDS, a empresa pode se proteger da punição de leis estadunidenses que proíbem investimentos públicos e contratos governamentais com empresas que boicotam Israel. Em 2002, outra empresa-alvo do BDS, a Pillsbury, havia fechado sua fábrica num assentamento ilegal israelense.
Edição: Rodrigo Durão Coelho