O governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou proposta feita por representantes dos trabalhadores do sistema público de transporte para não realizar a cobrança de tarifas nesta terça-feira (28), dia de greve de diversas categorias no estado em protesto contra os planos de privatização de diversos serviços.
Tarcísio alegou que há questões orçamentárias e de segurança para o veto à proposta. Ele afirmou que acionou o Judiciário para tentar obrigar os trabalhadores do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) a ocuparem seus postos na terça-feira, e que os usuários tenham de pagar para usar os serviços.
"Não consigo ver viabilidade em você colocar um sistema que tem 8,3 milhões de passageiros com tarifa zero. Alguém já apresentou de fato a conta de quanto vai ser o subsídio? Se hoje é este valor, com a catraca livre vai ser mais. Para mim isso é algo que não se sustenta, não faz sentido, e nós não vamos embarcar", disse o bolsonarista, em entrevista publicada pelo jornal O Globo.
Mesmo com a recusa do governador, o Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo insiste na proposta de colocar o sistema em funcionamento sem cobrança de tarifas nesta terça e chama o governador para debater com as categorias.
"O governador adota uma postura de questionar o direito de greve. E isso é inconstitucional. Poderia, ao invés disso, retirar as propostas privatistas de pauta e negociar com os sindicatos. A mais prejudicada é a população", disse o diretor do sindicato, Bernardo Lima, reforçando que os servidores públicos têm recebido grande apoio da população nas mobilizações.
A proposta de catraca livre não é nova em momentos de mobilização dos trabalhadores do sistema de transporte público em São Paulo. No último mês de março, o próprio Tarcísio chegou a publicar em redes sociais a autorização para que o sistema funcionasse sem a cobrança de bilhetes, mas depois recuou.
Na última semana os metroviários lançaram um abaixo-assinado visando colher apoio da população à proposta. A categoria lembrou que os trens e o metrô circularam sem cobrança de tarifa nos dias de provas do Enem, em 5 e 12 de novembro, e que isso não representou qualquer risco à segurança da operação.
Além da paralisação, as categorias envolvidas na mobilização desta terça-feira (28) organizam manifestação, que vai acontecer a partir das 13h, junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Os deputados estaduais vão discutir a proposta de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Edição: Rodrigo Durão Coelho