Massacre

Pacientes e médicos deixam maior hospital de Gaza, que Israel não conseguiu provar ser uma base do Hamas

Hospital Al-Shifa abriga cerca de 650 pacientes e foi tomado por forças israelenses no último dia 15

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Fachada do hospital Al-Shifa, um dos principais centros de atendimento às vítimas do massacre promovido por Israel em Gaza - Ismail Zanoun / AFP

Pacientes, equipe médica e desabrigados pela guerra estão evacuando neste sábado (18), o hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, após ele ser tomado por forças israelenses na quarta-feira (15), sob alegações de que o local seria uma base secreta do Hamas com túneis subterrâneos, o que Israel até hoje não conseguiu provar.  

As informações sobre a evacuação do hospital são da agência de notícias Associated Press, que apontou ainda que há uma divergência de versões entre as autoridades sobre o motivo da saída das pessoas do hospital.

Enquanto os profissionais de saúde alegam terem recebido uma ordem para deixar o hospital, militares israelenses afirmam que teriam oferecido uma “passagem segura” para aqueles interessados em deixar o centro de saúde em plena onda de ataques israelenses à região. 

O hospital é um dos mais polêmicos alvos da ofensiva israelense. As autoridades de Israel vinham alegando que o local serviria como base do Hamas com vários tuneis subterrâneos. Após a tomada do hospital, porém, Israel não conseguiu provar a existência destes túneis e divulgou alguns vídeos em que aparecem armamentos que supostamente seriam do grupo, documentos táticos e computadores em meio aos equipamentos médicos do hospital. No entanto, a quantidade de armamento não seria compatível com a alegação do local ser uma espécie de QG do Hamas.

Uma equipe da rede britânica BBC foi convidada a entrar no hospital, apenas em locais autorizados pelos militares, e também não localizou a rede de tuneis apontada inicialmente por Israel. Uma equipe do jornal americano The New York Times também esteve no local e encontrou apenas um túnel que, segundo o veículo, não era possível afirmar do que se tratava da entrada.

A BBC comparou o vídeo gravado pela reportagem no local com um vídeo gravado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) pouco antes. Nas imagens da IDF, apenas uma arma aparece atrás de um aparelho de ressonância magnética. Quando a equipe da BBC filma o mesmo local, pouco tempo depois, há duas armas.

Moradores de Khan Yunis devem deixar suas casas

Hoje pela manhã, as forças militares de Israel deram um novo aviso para a evacuação da cidade de Khan Yunis, a maior do sul da Gaza. Khan Yunis é um dos destinos que recebeu a população do norte de Faixa de Gaza, que também foi forçada ao êxodo por Israel. 

Um conselheiro do primeiro-ministro israelense, Benjamin Nenatyahu, informou veículos de mídia dos Estados Unidos que tropas israelenses devem entrar em Khan Yunis para destruir túneis do Hamas. Os moradores devem se dirigir para o oeste, onde, segundo ele, "esperamos que haja tendas e um hospital de campo".

Mais de 12 mil pessoas já morreram em Gaza desde 7 de outubro. Mais de 5 mil eram crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.  

Edição: Raquel Setz