A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, classificou nesta terça-feira (14) a atuação da Guiana na Corte Internacional de Justiça como um "colonialismo judicial", após o país pedir que o tribunal da ONU localizado em Haia barre o referendo convocado por Caracas para reivindicar soberania sobre o território fronteiriço do Essequibo.
"Viemos derrotar a pretensão do colonialismo judicial da Guiana ao instrumentalizar esta Corte para frear o que não pode ser interrompido: no dia 3 de dezembro, os venezuelanos vamos votar no nosso referendo", disse Rodríguez, que chegou nesta segunda-feira (13) a Haia para participar das audiências.
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O processo entre Guiana e Venezuela na CIJ sobre a disputa territorial pelo Essequibo corre desde 2018, mas as audiências desta semana foram convocadas após Georgetown pedir que a corte interrompa o referendo convocado pelo governo venezuelano. Uma nova sessão está prevista para esta quarta-feira (15).
Com 160 km², o enclave localizado na fronteira entre os dois países é objeto de disputa desde o século 19. No entanto, o caso se tornou mais complexo após o descobrimento de enormes reservas marítimas de petróleo na região. O governo guianês entregou as concessões de exploração para a multinacional Exxon Mobil, o que desagradou Caracas, já que a região está em disputa e a decisão foi tomada unilateralmente.
O representante da Guiana na CIJ, Carl Greenidge, disse nesta terça-feira que o referendo venezuelano é "uma ameaça existencial" para o país.
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Nos últimos meses, os governos venezuelano e guianês elevaram o tom e o clima de tensão entre os países aumentou. A participação do Exército da Venezuela na campanha do referendo e os exercícios militares conjuntos entre as Forças Armadas da Guiana e tropas dos EUA na região fronteiriça levantaram o risco de uma escalada bélica.
Ao tomar posse no início do mês, a nova embaixadora dos EUA na Guiana, Nicole Theriot, disse que Washington deve fortalecer as relações em matéria de defesa e segurança com o país sul-americano para lidar com "ameaças transversais".
Oposição não apoia nem rejeita referendo
A oposição de direita da Venezuela reunida na coalizão Plataforma Unitária Democrática (PUD) se pronunciou pela primeira vez sobre o referendo pelo Essequibo nesta segunda-feira (13) e deixou em aberto sua participação na campanha.
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Em nota, a PUD afirmou que "existe um grande consenso sobre o caráter nacional do território do Essequibo", mas nenhum de seus partidos fará campanha pelo referendo. A coalizão ainda orientou que apoiadores e militantes decidam por conta própria se participam ou não da votação.
O envolvimento da oposição na consulta era visto como ponto importante na relação entre governo e opositores, que ganhou níveis de tensão após as eleições primárias da direita realizadas em outubro.
Edição: Leandro Melito