O presidente Lula afirmou nesta segunda-feira (13) que a quantidade de crianças e mulheres mortas no conflito entre Gaza e Israel não tem precedentes e que Israel está "matando inocentes sem nenhum critério" em Gaza. Para o petista, as consequências destes ataques são tão graves quanto foi o ataque do Hamas em outubro deste ano, que deixou mais de mil israelenses mortos, além de terem sequestrado outras centenas de pessoas.
"Nessa guerra, depois do ato provocado, e eu digo um ato de terrorismo do Hamas, que provocou um ato, as consequências da solução do Estado de Israel são tão graves quanto foi a do Hamas, porque eles estão matando inocentes sem nenhum critério. Joga bomba onde tem crianças, onde tem hospital, a pretexto de que um terrorista está lá, não tem explicação. Primeiro vamos salvar as crianças e as mulheres e ai depois faz a briga com quem quiser fazer", afirmou o presidente ao abrir seu discurso na cerimônia de assinatura do decreto que atualiza a Lei de Cotas.
Antes de criticar os ataques israelenses, Lula comemorou o resgate de 32 brasileiros que estavam em Gaza. Eles conseguiram cruzar a fronteira do Egito no domingo e retornam ao Brasil nesta segunda. O presidente também mencionou a morte de crianças e mulheres no conflito.
"Finalmente conseguimos trazer as 32 pessoas, agora vamos ver se ainda tem gente na Cisjordania que queira vir, porque nós não vamos deixar nenhum brasileiro ou brasileira lá, se ele quiser voltar. Hoje é um dia de festa", diz Lula, que ressaltou o grande número de crianças entre as vítimas. "Eu nunca tinha sabido de noticias de que crianças fossem vitimas preferenciais numa guerra. A quantidade de mulheres e crianças que já morreram e a quantidade de crianças desaparecidas a gente não tem conhecimento em outra guerra", seguiu o petista.
A fala de Lula ocorre em meio ao aumento da pressão internacional contra os ataques israelenses e os casos de inocentes mortos, sobretudo crianças hospitalizadas. Desde que o conflito começou, já são mais de 10 mil mortos na Palestina, sendo cerca de 4,5 mil crianças na Faixa de Gaza, e cerca de 1,4 mil israelenses alvos dos ataques do Hamas, além de 240 reféns sequestrados pelo grupo.
Mais cedo, durante uma coletiva de imprensa nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, comentou sobre o resgate e disse que o presidente Lula está trabalhando para o cessar-fogo na região. "Lula está envolvido na questão, tem falado com chefes da região e com a ONU. A intenção dele é voltar a tratar da questão no Conselho de Segurança da ONU para encontrar uma forma de suspensão da hostilidade e uma pausa humanitária para a população civil ainda em Gaza", disse Vieira.
Resgatados desembarcam hoje
Acompanhado pelo governo federal, o grupo de brasileiros aguardava há dois dias a permissão de autoridades egípcias, israelenses e palestinas para cruzar a fronteira entre Gaza e Egito, no Portal de Rafah. A lista original tinha 34 nomes, mas duas pessoas desistiram da repatriação e decidiram permanecer em Gaza por motivos pessoais.
O grupo é formado por 22 brasileiros e dez palestinos familiares de brasileiros, sendo 17 crianças, nove mulheres e seis homens. Entre a autorização e a passagem de Gaza para o Egito, o grupo aguardou dois dias porque a fronteira havia sido fechada na sexta-feira. De acordo com o governo federal, as 32 pessoas serão atendidas por equipe com médico, enfermeiro e psicólogo em um avião VC-2.
Edição: Thalita Pires