Oriente Médio

Trump anuncia iniciativa para 'limpar' Gaza e levar palestinos para Egito e Jordânia

Os grupos palestinos Jihad Islâmica e Hamas codenaram a proposta do presidente dos Estados Unidos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Palestinos retornam a cenário devastado por Irael na faixa de Gaza, no domingo (19), após acordo de cessar-fogo
Palestinos retornam a cenário devastado por Irael na faixa de Gaza, no domingo (19), após acordo de cessar-fogo - Omar Al-Qattaa/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou no sábado (25) uma iniciativa para "limpar" a Faixa de Gaza e disse querer que Egito e Jordânia recebam os palestinos como forma de alcançar a paz no Oriente Médio.

"Estamos falando de 1,5 milhão de pessoas, e simplesmente limparemos tudo isso", disse Trump à imprensa, referindo-se a Gaza como um "local de demolição". Ele disse que a medida poderia ser "temporária ou de longo prazo".

O republicano afirmou que havia conversado com o rei Abdullah II da Jordânia e esperava falar com o presidente egípcio Abdel Fatah al Sissi neste domingo (26).

"Gostaria que o Egito levasse as pessoas e gostaria que a Jordânia levasse as pessoas", disse Trump a bordo do Air Force One, o avião presidencial estadunidense.

O grupo palestino Jihad Islâmica condenou a iniciativa de Trump neste domingo, considerando que a "deplorável" proposta "alimenta crimes de guerra".

"Esta proposta é enquadrada como incentivo a crimes de guerra e crimes contra a humanidade ao forçar nosso povo a deixar sua terra", afirmou o grupo, que lutou ao lado do Hamas em uma guerra sangrenta com Israel em Gaza até a trégua de 19 de janeiro.

Uma autoridade de alto escalão do Hamas declarou à AFP que o grupo palestino fará oposição à proposta do republicano.

"Assim como eles frustraram todos os planos de deslocamento e terras alternativas por décadas, nosso povo também frustrará tais projetos", disse Bassem Naim, membro do escritório político do grupo islamista, referindo-se aos comentários de Trump.

A maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foi deslocada, alguns deles várias vezes, devido ao massacre israelense na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamista Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.

Apoio israelense

A  proposta do presidente estadunidense foi aplaudida pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich.

"A ideia de ajudá-los a encontrar outros lugares para começar uma vida melhor é uma excelente ideia. Após anos de glorificação do terrorismo, (os palestinos) poderão estabelecer vidas novas e boas em outros lugares", disse Smotrich em comunicado.

"Durante anos, os políticos propuseram soluções inviáveis, como a divisão da terra e a criação de um Estado palestino, o que colocou em risco a existência e a segurança do único Estado judeu do mundo", acrescentou o ministro, cujo partido é uma parte essencial do governo de coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Edição: Leandro Melito