R$ 26,6 bilhões

Petrobras produz e investe mais, mas lucra menos com queda no preço internacional do petróleo

Estatal, maior empresa do país divulgou resultados financeiros do 3º trimestre na quinta

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Petrobras aumentou 59% seus investimentos no terceiro trimestre deste ano ante ao mesmo período de 2022 - Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

A Petrobras registrou no terceiro trimestre deste ano recordes na produção de petróleo e gás vindos da camada pré-sal e também no refino de combustíveis. Apesar disso, seu lucro caiu quase pela metade na comparação com o do mesmo trimestre de 2022. A queda, segundo a empresa e especialistas, tem a ver com o recuo do preço do petróleo e da cotação do dólar, além do aumento do investimento – quanto mais ela investe, em tese, menos sobram recursos para engordar os lucros.

A Petrobras divulgou seus resultados financeiros referentes ao período de julho a setembro na noite de quinta-feira (9). O lucro líquido foi de R$ 26,6 bilhões. Isso é 42% menos do que os R$ 46 bilhões registrados nos mesmos meses de 2022.

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A queda nesse indicador tem a ver com a redução no faturamento da empresa. A receita de vendas da estatal diminuiu 26,6%. Essa queda no faturamento está ligada à queda de 14% do petróleo e desvalorização de 7,6% do dólar – a Petrobras considera a cotação da moeda em seus preços e a desvalorização reduz seus ganhos.

Os números da empresa, contudo, apontam que essa relação já não é tão forte quanto foi no passado. Em linha com a promessa eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de "abrasileirar" o preço dos combustíveis, a Petrobras reduziu o preço dos derivados vendidos no país em 33% na comparação com os valores de um ano atrás. A queda tem a ver também com a mudança da política de preços da estatal e o fim do Preço de Paridade de Importação (PPI).

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"Segundo dados extraídos da Abicom [Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis], a gasolina vendida pela Petrobrás ficou 16% abaixo do PPI e o diesel S-10 7% abaixo do PPI. Com preços menores as receitas com venda de derivados no mercado interno caíram 31,9%", explicou o economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo, apontando mais uma das razões para a queda no lucro da empresa.

Investimentos

Dantas, aliás, não vê essa queda como algo negativo. "Apesar de, a princípio, o resultado parecer negativo, temos muito mais a comemorar do que lamentar", declarou. "A Petrobras investiu 59% a mais neste trimestre, R$ 6,2 bilhões a mais. Isto é muito positivo."

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De acordo com a companhia, foram 9,1 bilhões de dólares (cerca de R$ 45 bilhões) investidos desde o início deste ano. Até o fim de 2023, serão 13 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 65 bilhões).

"Deixamos de ser uma empresa em fase de desinvestimentos [venda de patrimônio] para uma empresa que investe", afirmou Sérgio Caetano Leite, diretor de Relações com Investidores da Petrobras em conferência sobre os resultados da empresa.

Segundo Leite, hoje a Petrobras, que ficou anos focada somente na produção de petróleo no pré-sal, investe inclusive em novos negócios. Por exemplo, é a maior desenvolvedora de projetos para geração de energia elétrica com uso de vento no país.

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Para dar conta desses novos negócios, passou a contratar funcionários. Foram 270 somente entre julho e setembro deste ano.

Produção

A empresa, contudo, não reduziu seus esforços naquilo que hoje faz de melhor: extrair petróleo do pré-sal. Foram 2,25 milhões de barris no terceiro trimestre, um recorde. As refinarias da companhia trabalharam a 96% de sua capacidade para derivar parte desse material, percentual que também é o maior registrado em nove anos.

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"A companhia processou 4% a mais de petróleo em suas refinarias do que no ano passado, mesmo sem a SIX, Reman e Clara Camarão, [privatizadas]", acrescentou Dantas.

Mahatma dos Santos, um dos diretores técnicos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), disse que os resultados do trimestre reforçam que a Petrobras está numa nova fase sob nova gestão. Para ele, a empresa está focada nos lucros no longo prazo e quer aumentar sua capacidade operacional, principalmente no refino.

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Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), disse que o balanço da estatal mostra que é preciso investir em refinarias, reestatizando inclusive aquelas que foram privatizadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Esses resultados confirmam a necessidade de a Petrobra ampliar sua produção de derivados, com novos investimentos para aumento da capacidade instalada de refino das refinarias existentes, processamento de combustíveis verdes e reestatização das refinarias privatizadas", declarou.

Edição: Nicolau Soares