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Noite de massacre: Israel diz ter atingido 600 alvos no maior ataque aéreo contra Gaza

Invasão terrestre avança lentamente e cercada de mistério; ajuda humanitária entra em Gaza, mas é insuficiente

Brasil de Fato | Botucatu (SP) |
Moradores de Rafah, no sul de Gaza, procuram vítimas sob escombros após mais um bombardeio de Israel - Said Khatib/AFP

Israel afirma ter realizado, de domingo para esta segunda (30), o maior ataque de sua Força Aérea na Faixa de Gaza desde que declarou guerra ao Hamas, que teria atingido 600 alvos. Caças israelenses teriam atingido pontos de lançamento de foguetes no Líbano e na Síria, atribuídos tanto ao próprio Hamas quanto ao grupo libanês Hezbollah, seu aliado.

Simultaneamente, as ações terrestres, que Israel chama de segunda etapa de seu ataque para tentar destruir o Hamas em Gaza, prosseguem na região norte do território palestino. “As tropas de Israel mataram dezenas de terroristas que se barricaram em prédios e túneis e tentaram atacar os militares”, disseram as forças israelenses em um comunicado. Combatentes do Hamas que saíam de um túnel, perto da passagem de Erez, no norte de Gaza, teriam sido mortos e/ou feridos após terem se identificado.

A ONU disse que as primeiras operações terrestres, nos últimos dias, foram acompanhadas pelos “mais intensos ataques aéreos e bombardeios de artilharia” desde o início da guerra, há mais de três semanas. Mas as autoridades militares e civis de Israel dão poucas informações sobre o que estão fazendo. No domingo, as Forças de Defesa divulgaram pequenos videoclipes em preto e branco mostrando tanques, escavadeiras blindadas e tropas a pé dentro de Gaza. Não foram divulgados o número de soldados, de unidades, quantidade de artilharia que possuem, até que ponto penetraram em Gaza.

Segundo analistas militares em Israel, as tropas estão se movendo lentamente e com cautela, procurando e destruindo armadilhas e túneis, preparando corredores para que tanques e tropas possam chegar à periferia da Cidade de Gaza. Os militares não mais cruzam para o lado israelense da fronteira após cada missão. Eles estão baseados dentro do território palestino.

Gaza, com pouco menos de 40 quilômetros de comprimento e dez de largura, tem cerca de 365 quilômetros quadrados — um pouco maior que a cidade de Belo Horizonte, com 332 — e 2 milhões de habitantes.

As tropas israelenses ainda estão operando nos cantos da Faixa de Gaza, perto das regiões de fronteira, principalmente em campos agrícolas, aldeias vazias e em torno da passagem de Erez, no norte, segundo Michael Milshtein, chefe do Fórum de Estudos Palestinos da Universidade de Tel Aviv e antigo membro do serviço de inteligência de Israel.

Mas o que vai acontecer quando os soldados tentarem entrar na Cidade de Gaza e nos campos de refugiados densamente povoados que a rodeiam? Vários analistas, incluindo Milshtein, recorrem à mesma analogia: a cidade iraquiana de Fallujah, invadida por tropas estadunidenses em 2004, que deixou 95 soldados dos EUA e mais de mil iraquianos mortos.

Alimentos

Trinta e três caminhões de ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza neste domingo, disse a ONU nesta segunda-feira (30). Trata-se do maior comboio em um só dia desde o começo da guerra. Mas o volume é insuficiente, segundo organizações em Gaza, e é menor do que havia sido divulgado no domingo, quando autoridades falaram em 47 caminhões.

No sábado (28), centenas de palestinos invadiram e saquearam centros de distribuição de alimentos da ONU em Gaza. Na cidade de Khan Younis, no sul do território, várias pessoas foram fotografadas carregando caixas e sacolas para fora de um armazém, colocando-as sobre os ombros e em bicicletas.

“Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a ruir após três semanas de guerra e de um cerco apertado contra Gaza”, disse em nota a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos.

Internet

Os moradores de Gaza tiveram um pequeno alívio com o fim do blecaute total nas comunicações, após 34 horas sem conectividade alguma — era impossível pedir ajuda a serviços de emergência e ambulâncias saíam às cegas na direção de onde ouviam explosões, para tentar encontrar feridos. No início da manhã de domingo, o sinal de internet começou a voltar espontaneamente.

A principal empresa de internet local, Paltel, informou que não fez nenhum reparo em sua estrutura e não tinha como explicar a reativação. Acusou o governo israelense tanto pelo corte quanto pela reativação do serviço, mas estes, procurados pela imprensa, não quiseram comentar a acusação. Representantes dos EUA teriam cobrado Israel a restaurar as comunicações em Gaza.

Água

O fornecimento de água também foi restaurado de forma parcial, depois que Israel reabriu o segundo dos três dutos que abastecem Gaza, o que deve disponibilizar o volume de 28,5 milhões de litros para o território palestino. Mas o volume é inferior aos 49 milhões de litros fornecidos antes do início do ataque israelense.
 

Com informações do Washington Post e Folha de S.Paulo.

Edição: Leandro Melito