O impasse em obter um posicionamento do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza segue, enquanto o número de mortes aumenta diariamente. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 7.028 pessoas foram mortas e 18.400 ficaram feridas em decorrência dos bombardeios. Do total de mortos, cerca de 3 mil são crianças. Em Israel, o total de vítimas fatais é estimado em 1,4 mil, além de 5,4 mil feridos.
Na avaliação do professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC Giorgio Romano, o impasse é quase impossível de ser resolvido, por conta dos interesses políticos internos e econômicos externos dos Estados Unidos, que não deixam margem para isso.
“Para os Estados Unidos, Israel é um aliado central para dominar o Oriente Médio. Apesar de estarmos em uma transição energética, o petróleo ainda vai ser central nos próximos 30 anos e mais da metade das reservas estão no Oriente Médio. Segundo motivo: o lobby sionista. Nos estados Unidos é o principal lobby. E estamos entrando em um ano eleitoral. É lógico que o [presidente dos Estados Unidos, Joe] Biden vai fazer tudo que o [primeiro-ministro de Israel, Benjamin] Netanyahu quer”, argumentou, em entrevista do jornal Central do Brasil.
Nesta quinta-feira (26), resoluções propostas por Estados Unidos e Rússia foram vetadas, embora fossem bastante semelhantes. No dia 18, um documento proposto pelo Brasil, que pedia um cessar-fogo humanitário, foi vetado exclusivamente pelos Estados Unidos. Dias antes, um primeiro documento, elaborado pela Rússia, também foi rejeitado.
“No Conselho de Segurança você não consegue condenar Israel porque sempre vai ter o veto dos Estados Unidos. Não se pode esperar absolutamente nada das Nações Unidas, a não ser uma condenação moral, constranger os Estados Unidos, porque Israel não está nem aí. E com isso os Estados Unidos talvez pressionem Israel a ir um pouco mais devagar”, avaliou o professor.
A entrevista completa está disponível na edição desta sexta-feira (27) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube:
Romano destacou ainda que a ONU sempre se posicionou contrária às ações de Israel contra o povo palestino consideradas criminosas, sobretudo na Assembleia Geral, que reúne todos os países membros. Mas, embora seja um organismo internacional, seu poder é muito limitado. “Quem tem força no mundo [é] quem tem bomba atômica”, ressaltou.
“Esse conflito não começa em outubro. Ele começa lá atrás, na guerra de 1967, quando eles ocupam essas áreas. E, sempre, a ONU condenou. Tem as resoluções contra a ocupação, que é uma das ocupações mais longas que temos no mundo. Condenou a instalação das casas ilegais, dos sionistas, na Cisjordânia. E o resultado disso é nada, porque Israel não dá a menor bola para essas resoluções. As resoluções da Assembleia Geral não têm nenhuma efetividade, é uma condenação moral. Mas Israel e Estados União não estão nem aí”, afirmou o professor.
E tem mais!
Nesta semana, a tributação sobre offshores e fundos exclusivos foi aprovada pela Câmara dos Deputados. Outras medidas que podem trazer grande impacto nas contas públicas também avançaram no Congresso Nacional, como a reforma tributária. A nova tributação busca contornar a evasão de recursos para bancos localizados em paraísos fiscais e taxar os fundos especiais de investimento dos super-ricos brasileiros.
E a operação policial no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, causou o fechamento de todas as escolas da região, deixando cerca de 14 mil crianças e adolescentes sem aula. Pesquisa da Campanha Nacional pelo Direito à Educação mostra o impacto na vida destes estudantes.
O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato, exibida de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras
Edição: Rodrigo Durão Coelho