Após paralisação por horas de algumas linhas do Metrô de São Paulo nesta quinta-feira (12), a companhia suspendeu advertências por escrito a operadores de trens e marcou uma reunião para a próxima segunda-feira (16) com os trabalhadores.
As informações são do Sindicato dos Metroviários e Metroviárias do estado. Segundo a entidade, as operações pararam nas linhas 2, 3 e 5, mas foram retomadas no início da tarde de quinta. Operadores de trens vinham recebendo advertências orais por se recusarem a participar de atividades que, segundo eles, não fazem parte de suas atribuições.
Segundo Alex Santana, diretor da Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro), as advertências foram vistas como uma retaliação à paralisação recente e à negativa dos operadores em realizar treinamentos destinados a supervisores de outras áreas da empresa, não relacionados ao tráfego dos trens, como explica
“Os operadores de trens já vêm, há algum tempo, se negando a acompanhar treinamento de contingência, que são aqueles supervisores que não são do tráfego, não são do cargo, não tem relação nenhuma com a operação de trem, inclusive supervisores de segurança, pessoal administrativo, manutenção. Então, nós estamos nos negando a dar treinamento para toda a contingência que não faz parte do cargo. Não é questão de treinamento para operador de trem, isso nós demos treinamento recentemente. Inclusive se formou uma nova turma de operadores de trem faz uma semana.”
Na terceira negativa dos trabalhadores, as advertências passaram a ser por escrito. O sindicato foi procurado, deu prazo para a suspensão das punições, mas não teve resposta, o que desencadeou a paralisação.
“Dessa vez, devido à reincidência, eles passaram a dar advertências escritas, que têm peso jurídico, têm peso administrativo, têm alguns problemas legais em relação a esse tipo de advertência. Como eles também foram de surpresa, em um feriado, dando advertências escritas para todo mundo que se negasse a dar treinamento com a contingência, os operadores de trem chamaram o sindicato”, afirma Alex Santana.
Santana conta que já foram feitas denúncias sobre o tema ao Ministério Público do Trabalho. O procedimento do primeiro semestre deste ano foi arquivado. Há algumas semanas, no entanto, a Fenametro apresentou novos argumentos e informações para tentar a abertura de um inquérito civil investigando a situação.
“Essa situação coloca os passageiros em riscos, os próprios trabalhadores e o sistema em risco. É desvio de função e é contrário ao próprio direito de greve pela intenção deles. Há diversos problemas nesses procedimentos tentando forçar esse tipo de treinamento. Então está tudo denunciado e aguardamos também que o Ministério Público do Trabalho apure essa situação, porque esse é o motivo concreto dessa atualização nesse momento.”
Ainda de acordo com ele, a Companhia do Metropolitano de São Paulo se comprometeu a não impor mais advertências e as orientações da categoria são de retomada total das operações.
Resposta
Em nota enviada à imprensa, o metrô disse que “a ação é um protesto a uma advertência por escrito dada pelo Metrô a 5 operadores de trem em virtude da negativa reiterada destes cinco profissionais de desempenhar as suas atribuições. Eles se negam a participar da formação e da aula prática ofertada a outros empregados que estão sendo treinados para a função de operação de trem, procedimentos que fazem parte da rotina dos metroviários.”
“Vale ressaltar que a advertência não implica em suspensão ou demissão e que não há sequer impactos na remuneração. A advertência, por ora, cumpre apenas o seu papel de dar aos funcionários a oportunidade para que corrijam a conduta faltosa.”
“A advertência também pode ser questionada pelos empregados, se assim desejarem, na via administrativa ou judicial, o que não prejudicaria os passageiros. Esse protesto liderado pelo Sindicato da categoria mais uma vez é utilizado para ameaçar a empresa e deixa a população que depende do transporte refém de seus próprios interesses”, afirma, concluindo que o metrô “estuda medidas legais que podem ser tomadas por conta de uma paralisação que prejudica a população sem aviso prévio”.
Edição: Rodrigo Durão Coelho