A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou, na noite desta quinta-feira (5), quatro corpos na Zona Oeste da cidade. Dois deles seriam dos suspeitos de executar três médicos na Barra da Tijuca, na madrugada do mesmo dia. Um dos médicos assassinados é Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, irmão da deputada federal por São Paulo Sâmia Bomfim (PSOL). A principal hipótese é de que traficantes teriam confundido um dos médicos com miliciano da Zona Oeste da capital fluminense.
De acordo com a polícia, os corpos dos suspeitos foram encontrados pela Delegacia de Homicídios. Três deles estavam dentro de um carro na rua Abrahão Jabour, nas proximidades do Riocentro, em Jacarepaguá. Outro corpo estava em um segundo veículo, na avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão, na Gardênia Azul.
Até o momento, a polícia conseguiu identificar dois dos quatro corpos. Um deles é de Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk. Ele, que seria do Comando Vermelho, seria o autor da ordem do ataque contra os médicos. O segundo corpo é de Ryan Nunes de Almeida, que integrava o grupo liderado por Lesk, chamado de "Equipe Sombra". Os corpos tinham ferimentos de disparos de arma de fogo e facadas.
Outros dois suspeitos de envolvimento no ataque aos médicos não estão entre os mortos, conforme apurou a investigação: Bruno Pinto Matias, o Preto Fosco, e Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW.
Assassinados em quiosque na praia
Diego e outros três médicos, Marcos de Andrade Corsato, 62 anos, Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos, e Daniel Sonnewend Proença, 32 anos, foram vítimas de um ataque a tiros em um quiosque, na avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
Apenas Daniel sobreviveu. Ele se encontra em uma unidade particular do Hospital Municipal Lourenço Jorge, para onde foi levado com pelo menos três tiros. Depois, foi transferido para o Hospital Samaritano, onde passou por uma cirurgia de 10 horas.
:: MP-RJ acompanha investigação sobre assassinatos de médicos na Barra da Tijuca ::
De acordo com a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ), o crime ocorreu pouco antes de 1h desta quinta-feira (5). Na ocasião, três homens vestidos de preto desceram de um carro branco, que ficou estacionado do outro lado da rua do quiosque, aproximaram-se dos quatro médicos e efetuaram os disparos, sem anunciar assalto, e fugiram. Toda a ação dura menos de um minuto. Foram 33 tiros.
Os médicos, que não eram do Rio de Janeiro, estavam na cidade para o 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo. Eles estavam hospedados no Hotel Windsor, que sedia o evento, em frente ao quiosque onde foram assassinados.
Confundido com miliciano
O modo como foi praticado o crime aponta para indícios de execução. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) da Polícia Civil, no entanto, ainda investiga o caso. A principal linha de investigação é de que os assassinos teriam confundido uma das vítimas, Perseu Ribeiro Almeida, com um miliciano. Outras linhas de investigação, no entanto, ainda não foram descartadas.
Segundo essa linha de investigação, o alvo seria Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa. Os dois são apontados como integrantes de uma milícia que atua em bairros da Zona Oeste.
Em 2020, Taillon chegou a ser preso acusado de fazer parte de uma organização criminosa que atuava em Rio das Pedras. Em setembro deste ano, ele obteve liberdade condicional e passou a morar a poucos metros do local do crime, na Avenida Lúcio Costa.
Ainda de acordo com essa linha de investigação, os suspeitos de assassinarem os médicos foram executados “tribunal do tráfico", do Comando Vermelho.
PF acompanha o caso
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou à Polícia Federal (PF) o acompanhamento das investigações sobre a execução de três médicos. “Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a execução de médicos no Rio”, informou Dino em seu perfil no X, ex-Twitter.
“Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso. Minha solidariedade à deputada Sâmia, ao deputado Glauber e familiares”, disse em menção ao deputado federal pelo Rio de Janeiro Glauber Braga (PSOL), que é cunhado de Diego e companheiro de Sâmia Bomfim.
Edição: Rodrigo Chagas