Violência

'Quando caí no chão, recebi um golpe de barra de ferro na cabeça', diz PM agredida por bolsonaristas em 8 de janeiro

Marcela Pinno relatou o dia 8 de janeiro à CPMI que investiga os atos golpistas, nesta terça-feira (12)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Cabo da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Marcela da Silva Morais Pinno - Edilson Rodrigues/Agência Senado

A cabo da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Marcela da Silva Morais Pinno, relatou que foi agredida com barras de ferro e pedras por bolsonaristas durante os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília.  

“Depois que eu fui empurrada de três metros de altura e estava no chão, enquanto alguns me chutavam e me agrediram com barra de ferro na cabeça, outros tentaram pegar a minha arma. Em torno de seis homens estavam me agredindo. Se não fossem os meus colegas de trabalho, certamente eu não estaria aqui”, disse Pinno à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, nesta terça-feira (12). 

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“Nunca vi algo tão agressivo dessa forma. Naquela proporção, jamais. Eles se valeram de materiais que estavam à disposição. Usavam as estacas das bandeiras, lançavam os gradis de ferros, lançavam as pedras portuguesas, além dos coquetéis molotov.” 

A cabo também disse que era “nítida” a ação dos golpistas contra os policiais. “Eles estavam dispostos a tudo, inclusive a atentar contra a nossa vida, como foi feito. Naquele sentido, não eram mais manifestantes. Eram vândalos pelo nível de violência e pelo tudo o que ocorreu. Era perceptivo que eles estavam organizados. Tinham manifestantes que estavam à frente, que tinham luvas para conseguir pegar granadas, por exemplo. Se utilizaram de máscaras para cobrir o rosto. Desta forma, eles estavam organizados. Provavelmente foram orientados”, declarou.  

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Pinno também declarou que apenas recebeu a informação de que entre quatro e cinco mil manifestantes desceriam do acampamento bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército até a Esplanada dos Ministérios, por volta das 11h30 do dia 8. “A única informação que eu recebi foi essa: em caso de ruptura teríamos de atuar, os gradis que ficavam na Alameda das Bandeiras. A minha linha era posterior à Alameda das Bandeiras. Da forma com que chegaram, conseguiram romper com facilidade”, descreve a cabo. 

Em 9 de maio deste ano, o governador Ibaneis Rocha (MDB) promoveu, por ato de bravura, a soldado a cabo da PMDF. “Parecia uma eternidade. Fui atacada duas vezes, fui espancada, batiam em mim com uma barra de ferro. Meu capacete ficou amassado. O que me manteve ali e me fez resistir, apesar de toda a agressividade, foi saber que posso contar com meus colegas de trabalho. Foi o subtenente que me salvou e me tirou daquela selvageria”, disse Pinno durante o ato de promoção.  

“Quando vi que a cabo Marcela estava sendo atingida, fui até lá e a ajudei a se levantar. Ela recuperou o seu escudo, e, quando estávamos recuando, eu fui derrubado e espancado de uma forma muito agressiva”, contou o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, que também foi promovido. “Eles queriam estraçalhar. Queriam matar. Não tinha outro objetivo”, complementa. 

Também estava prevista para esta terça-feira (12), o depoimento de Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do DF. O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, concedeu à Alencar o direito de não comparecer à CPMI.  

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“Concedo a ordem de habeas corpus para dispensar a paciente, caso queira, de comparecer perante a CPMI do 8 de Janeiro, em caso de opção pelo comparecimento, garantir-lhe o direito ao silêncio, e não assumir o compromisso de falar a verdade (em razão da condição de investigada e não de testemunha), à assistência de advogado e o de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício desses direitos”, diz trecho da decisão de ministro obtida pelo Metrópoles.

Edição: Vivian Virissimo