O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi indiciado ontem pela terceira vez. Esse é considerado, até agora, o processo mais importante contra o republicano. Isso porque se tratam de acusações referentes às tentativas de reverter os resultados das urnas em 2020.
Um grande júri, em Washington, considerou na terça (1) que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos possui evidências suficientes para abrir um caso contra o ex-presidente. O Departamento acusa Trump de 4 crimes federais diferentes:
- Conspiração para fraudar os Estados Unidos
- Conspiração para obstruir um procedimento oficial
- Obstrução ou tentativa de obstrução de procedimento oficial
- Conspiração contra direitos
A investigação se debruçou sobre o ataque ao Capitólio no 6 de janeiro de 2021 e nas ações do ex-presidente que incentivaram o ataque. Segundo a acusação, Trump “estava determinado a permanecer no poder”, mesmo após a derrota nas urnas de 2020.
O indiciamento afirma ainda que Trump sabia que as acusações de fraude eleitoral eram mentira, mas mesmo assim as difundiu “para criar uma atmosfera intensa de falta de confiança e raiva e, assim, erodir a confiança pública na condução das eleições”, diz o documento de 45 páginas.
Além de Donald Trump, seis outros co-conspiradores são citados no documento sem que tenham os nomes revelados. Isso acontece porque eles não foram indiciados, pelo menos até agora. Dentre eles, segundo os indícios apresentados, está o ex-advogado de Trump, Rudy Giuliani.
A acusação afirma que o ataque ao Capitólio no 6 de janeiro de 2021 foi arquitetado por Trump para impedir a oficialização do resultado das eleições de 2020. O documento diz ainda que o ex-presidente mentiu para apoiadores para fazê-los acreditar que Mike Pence, então vice-presidente e responsável pela oficialização, poderia alterar o resultado das eleições.
Com base na 14ª emenda da constituição, Donald Trump pode ser impedido de tomar posse - se eleito no ano que vem - caso seja condenado por incitar uma insurreição contra os Estados Unidos.
Os 5 pontos centrais da acusação
1- Trump teria pressionado legisladores e oficiais para mudarem votos após a vitória de Biden;
2- Trump teria recrutado delegados falsos nos estados pêndulo, aqueles onde a disputa é mais acirrada, com o intuito de tumultuar a certificação das eleições;
3- O então presidente teria tentado usar o poder do Departamento de Justiça para dar gás às suas teorias da conspiração sobre fraude eleitoral generalizada;
4- Trump teria pressionado o então vice-presidente Mike Pence para retardara certificação do resultado da eleição;
5- O ex-presidente teria se aproveitado do caos gerado pela invasão do Capitólio para redobrar os esforços para reverter o resultado das urnas.
Donald Trump deve se entregar à justiça de Washington na quinta-feira (03). Ainda não se sabe se o ex-presidente terá que comparecer presencialmente à corte ou se poderá fazê-lo de forma virtual.
Uma semana difícil para Donald Trump
A semana começou com uma série de derrotas para o ex-presidente Donald Trump. No caso dos documentos secretos, pelo qual foi indiciado em junho, o administrador de Mar-A-Lago, Carlos de Oliveira, foi acusado de tentar apagar imagens das câmeras de segurança para obstruir uma investigação federal. O funcionário depôs na segunda-feira em um tribunal de Miami.
Em outra derrota, um juiz na Geórgia negou o pedido de Trump para desqualificar a procuradora Fani Willis, responsável pelas investigações sobre suas tentativas de interferência eleitoral no estado. Esse pode vir a ser, ainda em agosto, o 4º indiciamento de Trump.
A investigação começou com a divulgação de uma ligação em que o então presidente pressiona o Secretário de Estado da Geórgia, também republicano, a encontrar votos a seu favor. O objetivo seria reverter o resultado na Geórgia, que por menos de 12 mil votos deu seus 16 delegados para Joe Biden.
Além disso, Trump teve seu processo contra a CNN negado por um juiz federal na Flórida. Ele pedia indenização de US$ 475 milhões (R$ 2,3 bi) ao canal por danos, alegando que a emissora o difamou ao usar o termo "grande mentira" para se referir às suas teorias conspiratórias de fraude eleitoral. O juiz considerou que a emissora estava protegida pelo direito de liberdade de expressão.
Trump continua afirmando, sem provas, que a eleição de 2020 foi fraudada.
Edição: Rodrigo Durão Coelho