A Justiça do Rio de Janeiro determinou a transferência do ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa para um presídio de segurança máxima fora do estado. Ele foi preso preventivamente nesta segunda-feira (24) por suspeita de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Até a transferência, Suel, como é conhecido, deverá ficar na penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, conhecida como Bangu 1. Em sua decisão, o juiz Gustavo Gomes Kalil, da Quarta Vara Criminal da Capital, disse que Corrêa representa risco a sociedade.
"A informação de Polícia Judiciária da Polícia Federal indica que o acusado ostentaria patrimônio incompatível com suas receitas. Além do que, como já referido, haveria indícios de que integraria organização criminosa armada para exploração de 'gatonet' em Rocha Miranda. Dado o contexto criminoso geral e suas condições pessoais, infere-se, em princípio, que sua presença em unidade prisional comum poderia por em risco a ordem pública e toda a segurança do Estado do Rio de Janeiro", escreveu Kalil.
Em 2021, o ex-bombeiro foi condenado a quatro anos de prisão por ajudar a esconder armas que estavam no apartamento do policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ter feito os disparos que executaram a vereadora e o motorista. A defesa de Maxwell recorreu da decisão e, em janeiro deste ano, o juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Comarca da Capital, converteu a prisão preventiva em prisão domiciliar por 30 dias.
As ações para esconder as armas foram realizadas em 13 de março de 2019, um dia depois das prisões de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, suspeito de dirigir o carro que perseguiu Marielle. Ambos respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima) e pela tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves.
Segundo as investigações, Maxwell emprestou seu carro para guardar as armas pertencentes a Ronnie Lessa nos dias 13 e 14 de março de 2019 para, posteriormente, descartá-las em alto mar.
"A obstrução de Justiça praticada pelo denunciado, junto aos outros quatro denunciados, prejudicou de maneira considerável as investigações em curso e a ação penal deflagrada na ocasião da operação 'Submersus', na medida em que frustrou cumprimento de ordem judicial, impedindo a apreensão do vasto arsenal bélico ali ocultado e inviabilizando o avanço das investigações", diz a nota da PF sobre a operação que resultou na prisão de Maxwell.
O juiz Gustavo Gomes Kalil também levou em conta a relação entre Corrêa e Ronnie Lessa e Élcio Queiroz ao determinar a transferência. "Os corréus já pronunciados foram enviados a presídio federal porque, dentre outros motivos, teriam envolvimento com milicianos, possuindo vínculos de amizade com agentes policiais da ativa, suspeitos de atividades ilícitas, sendo a medida vital à segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. A decisão foi confirmada pelas instâncias superiores. O alegado vínculo do ora denunciado com os corréus, como analisado nos itens acima, indica que, pelos mesmos motivos, a transferência dele também se revela, em princípio, imprescindível", escreveu.
Edição: Thalita Pires