Um estudo brasileiro indica que a solidão entre idosos e idosas pode estar relacionada a condições de saúde, prática de exercícios físicos e até indicadores sociodemográficos, como sexo, idade, escolaridade e arranjo de moradia.
A pesquisa Solidão e sua associação com indicadores sociodemográficos e de saúde em adultos e idosos brasileiros: ELSI-Brasil tem autoria de Paulo Afonso Sandy Júnior, Flávia Silva Arbex Borim e Anita Liberalesso Neri, especialistas na área de gerontologia.
Publicado nesta sexta-feira (21) na revista científica Cadernos de Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), o levantamento analisou dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros.
Foram realizadas entrevistas com pessoas acima de 50 anos não institucionalizadas. Elas responderam à pergunta "com que frequência o(a) senhor(a) se sentiu sozinho(a) ou solitário(a): nunca, algumas vezes ou sempre?" Mais de 16% das pessoas que participaram da pesquisa disseram sempre sentir solidão, 31,7% relataram ter a sensação às vezes e mais de 50% disseram que nunca vivenciam esse processo.
Mulheres com mais de 80 anos, baixa escolaridade (até quatro anos), que moram sozinhas e têm autoavaliação de saúde ruim foram as que mais responderam "sempre sinto solidão". O sentimento também parece estar conectado à qualidade de sono ruim, sintomas depressivos e má alimentação.
:: Novo governo terá tarefa árdua na recuperação de políticas para idosos ::
O estudo pontua que a idade em si pode não ser um fator de risco direto para a solidão, mas sim "um construto mais amplo, que reflita experiências de vida (como a viuvez e a aposentadoria), recursos materiais e condição de saúde." Além disso, os resultados reforçam a relação, já observada em outros estudos, entre solidão e depressão em pessoas acima de 50 anos.
"Ainda não está bem estabelecido se a solidão causa depressão ou vice-versa. Estudos longitudinais com idosos mostraram que o sentimento de solidão associou-se ao aparecimento de sintomas depressivos no seguimento assim como sintomas depressivos prenunciaram o aparecimento de solidão."
Os dados levantados podem servir de subsídio para a construção de políticas públicas e ações governamentais voltadas à saúde mental da terceira idade.
Edição: Thalita Pires