Razões

Idosos com mais de 70 anos representam a maior taxa de suicídio no Brasil

Entenda causas que levam a esta situação e possibilidades de prevenção

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Problemas de saúde, isolamento social causados pela viuvez, separações, distanciamento de filhos são algumas causas
Problemas de saúde, isolamento social causados pela viuvez, separações, distanciamento de filhos são algumas causas - Marcos Santos/USP Imagens

Problemas de saúde, isolamento social causados pela viuvez, separações, distanciamento de filhos e netos, perda de produtividade, além de depressão e doenças crônicas.

Essas são alguns dos fatores que contribuem para que os idosos com mais de 70 anos apresentem as maiores taxa de suicídio no país, segundo dados do boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde.

O coordenador do ambulatório do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Rodrigo Leite ressalta que a população está envelhecendo o que pode gerar outros problemas.

"A gente está vivendo mais e com uma qualidade de vida pior e com doenças crônicas que geram incapacidade, geram sobrecarga familiar, geram empobrecimento por conta da perda de renda por conta da aposentadoria ou da incapacidade de trabalhar da questão da crise econômica que leva ao aumento dos planos de saúde. Se você soma todos esses fatores é um prato cheio para o risco de suicídio", diz. 

O médico alerta também para o número de casos de alcoolismo entre os idosos.

Em muitas situações a fisioterapia, associada a outros tratamentos, pode também ser uma aliada para a saúde mental nessa fase da vida, como explica a fisioterapeuta Luisa Veríssimo.

"Os idosos com frequencia, eles perdem essa capacidade de realizar suas atividades de vida diária e através dos exercícios a gente consegue melhorar essa função ou devolver essa função ou senão melhorar. Eu acho que o tratamento fica no meio termo de saber ouvir e ao mesmo tempo identificar esses sinais que mostram que ele precisa de uma melhor qualidade de vida, de uma melhor execução do movimento, e casar essas duas frentes num tratamento global", explica. 

Severina Moraes, aposentada do serviço público, está a caminho dos 70 anos e faz parte de um grupo de corrida. Ela já passou por um episódio de grande estresse. Para ela, a atividade física ajudou. Severina aconselha:

"O primeiro passo é sair do sofá. A vida é assim, tem problemas e tem soluções também. Se você se identifica com artesanato, vá fazer artesanato. Música, tem aulas de música. Exércicio físico, yoga".

No ano passado, o Ministério da Saúde lançou uma agenda estratégica para atingir meta da Organização Mundial da Saúde de redução de 10% das mortes por suicídio até 2020

Segundo a diretora do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da pasta, Thereza de Lamare, o Brasil está abaixo da média de registro de suicídios em relação a outros países. Ela ressalta a importância dos dados do Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil.

"Nos ajudam a orientar onde a gente deve atuar, onde a gente deve atuar como a gente deve atuar, de que forma a gente deve atuar. É uma ação muito importante que nós temos junto a outras áreas do Ministério da Saúde, aponta. 

Thereza de Lamare fala das ações do Ministério da Saúde.

"Nós iniciamos um trabalho desde o ano passado, desenvolvendo uma série de ações junto as nossas unidades de saúde, como também identificando regiões, estados, onde a gente encontrou uma maior concentração. Nós instituimos o Comitê Nacional de Prevenção ao Suicídio. Fizemos uma pareceria com o CVV – Centro de Valorização da Vida", indica.

Quando necessário é importante procurar ajuda com profissionais, nos serviços de saúde, em emergências como o Samu e no Centro de Valorização da Vida no 188, disponivel em todo o país. Lembrando sempre que 90% dos casos de suicídio podem ser evitados.

Como questão de saúde pública, a prevenção ao suicídio tem que ir além do Setembro Amarelo e começar a fazer parte do dia a dia das escolas, universidades, empresas, enfim, do nosso dia a dia.

 

Com produção de Adriana Shimoda e sonoplastia de Marcos Tavares. 

Edição: ABR