Acontece até sábado (17) a sétima edição da Feira Estadual da Reforma Agrária na Bahia, realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As barracas com produtos de assentamentos e acampamentos de todos os cantos do estado estão mais uma vez na praça da Piedade em Salvador (BA).
São mais de 120 trabalhadores sem-terra trazendo cerca de 250 tipos de diferentes produtos, desde frutas e legumes in natura, até cafés, chocolates e fitoterápicos beneficiados por cooperativas de assentados. Em nota, o MST destaca esse “um espaço cultural e de debates importantes para diálogo com a sociedade que pode, neste momento, conhecer um pouco mais sobre o Movimento Sem Terra e desfrutar de uma amostra da cultura do campo”.
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Os feirantes, assentados e acampados, ressaltam a importância de poder manter um diálogo mais próximo com a sociedade, além de comercializar os produtos. Dentre as histórias contadas ali está, por exemplo, a do café Terra Justa, produzido no extremo sul do estado.
Gilson Santana, no assentamento Jaci Rocha, em Prado, conta que, desde 2010, as famílias produziam café na área, que era vendido em grãos para empresas e atravessadores. A partir do ano passado, no entanto, os assentados passaram a beneficiar o café em uma cooperativa parceira. “Em dezembro, a gente fez o primeiro lote. E a aceitação tem sido muito boa. Isso tem incentivado mais famílias a plantar mais café”, conta.
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Ele ressalta que toda a produção é feita em sistema agroecológico de plantio e manejo. O próximo passo agora é buscar a certificação orgânica dessa produção.
Entre um atendimento e outro na barraca, Gilson conta que a área foi ocupada em 2010, e em 2015 foi desapropriada e implantado este assentamento. Desde 2010, no entanto, as famílias ainda acampadas vêm produzindo em sistema agroecológico na área, tanto café quanto outros alimentos para subsistência e comercialização.
Escolas
Outra história sendo contada na feira é a da educação, importante bandeira importante para o MST. No assentamento Jaci Rocha, por exemplo, funciona a Escola Popular de Agroecologia. Outra escola presente na feira também é a Escola Técnica de Agroecologia Luana de Carvalho, de Itubera, baixo sul do estado.
A professora Fernanda Tanara conta que lá existe um laboratório de fitoterápicos, utilizado pelos estudantes para produção de diversos produtos à venda ali na feira. Mais recentemente, a unidade tecnológica recebeu também um destilador e passou a produzir óleos essenciais, também comercializados na barraca da escola.
“A unidade de fitoterápico é uma produção dos alunos da escola. Para produzir os óleos essenciais, a gente sempre faz mutirão pra fazer coleta na mata, fazemos um trabalho coletivo para essa produção. E tem ainda a unidade de produção de adubos, tocada pelos técnicos da escola”, enumera a professora Fernanda. Uma produção que alia os conhecimentos populares de assentados e assentadas sobre as plantas medicinais e o conhecimento técnico de professores e técnicos.
Além disso, estão à venda na feira alimentos sem agrotóxicos, produzidos pelos trabalhadoras e trabalhadores sem terra e uma programação cultural que tem o intuito de trazer uma amostra da cultura do campo para a população soteropolitana, debates, músicas e intervenções.
Fonte: BdF Bahia
Edição: Alfredo Portugal