O governo brasileiro divulgou nesta terça-feira (30) o "Consenso de Brasília", uma declaração final destacando os pontos de acordo após reunião de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com presidentes da América do Sul na capital federal. O documento aponta para convergências como a luta contra a crise climática e a defesa da integração regional.
Apesar da presença dos presidentes de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai, Venezuela, e de representante do Peru, houve discordâncias na reunião. Um dos pontos de atrito foi o estado da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Tanto Brasil quanto Argentina, as duas maiores economias da região, defendem o bloco criado em 2008, mas enfrentam resistências.
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O presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, disse durante a cúpula que é preciso parar de "criar organizações" e partir para a ação. O presidente do Chile, Gabriel Boric, também já questionou a legitimidade do bloco em ocasiões anteriores.
Durante sua fala na abertura do evento, Lula defendeu a Unasul, mas ressaltou defender o dialogo e afirmou não ter "ideias pré-concebidas sobre o desenho institucional futuro que poderíamos adotar".
No documento do "Consenso de Brasília", a Unasul não é citada, mas é defendida a criação de um "grupo de contato, liderado pelos Chanceleres, para avaliação das experiências dos mecanismos sul-americanos de integração e a elaboração de um mapa do caminho para a integração da América do Sul, a ser submetido à consideração dos Chefes de Estado".
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Outro ponto de atrito foi a Venezuela. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi recebido por Lula na segunda-feira (29), que afirmou na ocasião que o país vizinho é vítima de uma "narrativa" de "antidemocracia" e "autoritarismo".
A fala do petista foi criticada por Lacalle Pou e Boric. Durante coletiva de imprensa, o líder chileno disse que a Venezuela não é alvo de uma "construção narrativa" e afirmou ter discordado "respeitosamente" de Lula. Lacalle Pou, por sua vez, transmitiu sua declaração na cúpula no YouTube e afirmou ter ficado "surpreso" com as declarações do brasileiro.
"Está sendo negociando falar de democracia [em uma declaração conjunta], de direitos humanos e e de proteger as instituições. Se este ponto não existisse, eu não teria porque opinar", disse o presidente uruguaio.
O texto do "Consenso de Brasília" defende o "fortalecimento da democracia" e destaca outros pontos como a crise climática, a "promoção da transição ecológica e energética" e estabelece "como meta uma efetiva área de livre comércio sul-americana".
A íntegra da declaração pode ser lida no link.
Edição: Nicolau Soares