O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), visitou Kiev na última quarta-feira (10) e se reuniu com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Após o encontro, Amorim declarou à Folha de S.Paulo que o "diálogo foi positivo, de criação de confiança, visando a explicar nossos objetivos para a paz".
Ele acrescentou que não há solução imediata para a paz. "Chegar a um acordo não será fácil. Os dois lados terão que entender que o custo da guerra será maior do que o custo das concessões individuais", destacou Amorim.
A visita do diplomata brasileiro a Kiev acontece após a política externa do governo Lula ter recebido críticas de ter se afastado da posição de neutralidade na guerra da Ucrânia. Em abril, Amorim se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, no Palácio do Kremlin. E, em 17 de abril, o chanceler russo, Serguei Lavrov, visitou o Brasil e se reuniu com o presidente Lula. Na ocasião, isso foi encarado pelos EUA e Ucrânia como um gesto de aproximação do Brasil em relação à Rússia.
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O presidente Lula e o Itamaraty, no entanto, sem deixar de condenar a intervenção russa na Ucrânia, reiteradamente manifestaram uma posição de neutralidade na guerra em prol da promoção das negociações de paz entre Moscou e Kiev.
Nesta quinta-feira (11), o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou através de sua conta no Twitter que havia se encontrado com Amorim e destacou que espera continuar a dialogar com o presidente Lula e recebê-lo na Ucrânia.
Met with Special Advisor on Foreign Policy to the President of Brazil Celso Amorim. Emphasized that the only plan capable of stopping Russian aggression in Ukraine is the Ukrainian Peace Formula. We discussed the possibility of holding the Ukraine-Latin America Summit. I look…
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) May 11, 2023
Na declaração, Zelensky enfatizou que "o único plano capaz de deter a agressão russa na Ucrânia é a fórmula ucraniana para a paz".
"Me reuni com o assessor especial para Relações Exteriores da Presidência do Brasil, Celso Amorim. Enfatizei que o único plano capaz de deter a agressão russa na Ucrânia é a Fórmula Ucraniana para a Paz. Nós discutimos a possibilidade de realizar uma cúpula Ucrânia-América Latina. Eu espero continuar a dialogar com o presidente Lula e recebê-lo na Ucrânia", declarou Zelensky.
Celso Amorim também foi recebido pelo chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Andriy Yermak. Ele afirmou que a "delegação brasileira foi informada detalhadamente sobre a situação atual no front, as ações dos ocupantes russos, em particular os recentes ataques de mísseis russos contra infraestrutura civil e os cidadãos ucranianos".
"Esperamos que o Brasil e presidente Lula assumam uma posição equilibrada em relação à agressão armada russa contra a Ucrânia", disse Yermak.
Já o vice-chanceler ucraniano, Andrij Melnyk, havia publicado na véspera que o Brasil pode desempenhar um papel importante na interrupção da agressão russa. Nesta quinta-feira (11) ele publicou: "Aos poucos estamos mudando o clima entre a Ucrânia e o Brasil". Nesta quinta-feira, Melnyk foi anunciado como o novo embaixador da Ucrânia no Brasil.
"O governo brasileiro tem a satisfação de informar que concedeu agrément [consentimento] ao senhor Andrii Melnyk como embaixador extraordinário e plenipotenciário da Ucrânia no Brasil", informa o Itamaraty.
Edição: Nicolau Soares