POLÍTICA EXTERNA

Brasil pode ter papel muito importante na construção de uma ordem multipolar, diz pesquisadora

Roteiro das primeiras viagens do presidente Lula indicam o fortalecimento de diversos polos de poder

Brasil de Fato|Recife(PE) |
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidente da República Popular da China, Xi Jinping em Cerimônia Oficial de Recepção - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula embarca, nesta quinta-feira(20), para Portugal e Espanha. A viagem acontece depois das visitas à China e aos Emirados Árabes Unidos.

A agenda do presidente ainda não foi confirmada, mas especula-se que ele deve tratar de temas como o acordo entre União Europeia e o Mercosul e participar das solenidades em alusão à Revolução dos Cravos. 

Para a professora de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, Tatiana Berringer, o roteiro das viagens do presidente neste início de governo tem sugerido o empenho dele em construir uma nova ordem internacional, de caráter multipolar. 

"Há uma diferença muito grande em relação ao governo anterior, quando o Brasil começou a ser temido e acusado por outros países por causa da sua política ambiental e da sua política democrática. O Brasil pode sim ter um papel importante. A gente não vai deixar de ser um Estado que ainda está buscando se reindustrializar, com seus desafios internos de combate às desigualdades, mas acho que o Brasil pode jogar um papel muito importante na construção de uma ordem multipolar", apontou. 

Ela fez este comentário durante entrevista ao programa Central do Brasil desta quinta-feira(20), ao abordar também outros aspectos da política externa brasileira. 

Um dos assuntos comentados pela professora foi a sugestão do presidente de Lula de que os países do Brics não usem o dólar como lastro para negociações entre os membros do bloco. 

"Não é uma ruptura do padrão dólar e da hegemonia americana. Mas é uma busca de autonomia importante e pode facilitar o comércio entre essas regiões", explicou. 

Sobre as declarações do presidente Lula sobre a Guerra na Ucrânia, ela explicou que só "confirma que o Brasil é uma país que quer buscar a paz". 

"A fala de Lula chamando a atenção dos EUA e da Europa foi para saber qual o caminho para a paz. O Brasil quer não só protagonizar, mas construir uma nova ordem mundial", concluiu. 

A entrevista completa você acompanha na edição desta quinta-feira(20) do programa Central do Brasil

Assista agora ao programa completo



E tem mais! 

Mudança de tom 


O ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha confirmou, em coletiva de imprensa, que o governo federal defende a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre os atos golpista do dia oito de janeiro. 

A posição mudou depois que as imagens do ex-ministro do GSI, general Gonçalves Dias, foram reveladas pela CNN, em que mostram o general circulando pelos corredores do Palácio do Planalto. Padilha criticou o uso que a oposição está fazendo do conteúdo e afirmou que o governo vai agir para impedir a circulação de teorias conspiratórias sobre as investigações dos atos golpistas. 

Política internacional 

A Venezuela vem aprofundando as relações com a Rússia e a China, após a reaproximação com os Estados Unidos perder força. Lucas Estanislau, nosso correspondente em Caracas, mostra quais projetos os países estão negociando.

Mobilização dos estudantes 

Em Pernambuco, estudantes e professores realizam ato contra o novo ensino médio e pede a convocação de uma conferência popular para decidir os rumos do modelo de ensino. Manifestação, que teve caráter nacional, também pediu paz nas escolas. 

O programa Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. Ele é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 12h30, pela Rede TVT e por emissoras parceiras espalhadas pelo país. 
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho