O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, realizou sua primeira visita oficial aos Estados Unidos e se reuniu nesta quinta-feira (20) com o mandatário estadunidense, Joe Biden. Na Casa Branca, os presidentes debateram o combate às mudanças climáticas, o enfrentamento ao narcotráfico e o fim das sanções de Washington contra a Venezuela.
Em declarações à imprensa após a reunião, Petro disse que conversou com Biden sobre a conferência internacional que convocou para o próximo dia 25 de abril, em Bogotá, para reativar os diálogos entre governo e oposição da Venezuela.
"Eu propus que, nesse processo, as conversas da semana que vem e as que seguirão no México possam gravitar em torno de questões para construir dois eixos: um é o cronograma eleitoral venezuelano, com garantias, e a entrada da Venezuela no Sistema Interamericano de Direitos Humanos. O outro é uma desativação progressiva e paulatina de sanções, de modo que possamos chegar a uma meta que é que o povo decida livremente, sem sanções, sem pressões, seu próprio destino social e político", disse.
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Ainda segundo o mandatário, os EUA "não condicionaram" a eliminação de sanções à Venezuela. "Ficou proposto sobre a mesa uma estratégia que é primeiro realizar eleições e depois eliminar sanções ou, paulatinamente, na medida em que se vai cumprindo uma agenda eleitoral, se vá também paralelamente eliminando sanções", afirmou.
Petro chegou a recusar o título de "mediador" entre Caracas e Washington e disse que seu governo "simplesmente está propiciando um espaço que se vinha construindo no México e, para destravar, oferecemos Bogotá".
"Cerca de 20 chanceleres vão se reunir, da Europa, dos EUA, da América Latina para, com o governo venezuelano e com a oposição venezuelana, estabelecer pontos mínimos de um grande acordo que garanta não só eliminação de sanções e a realização de eleições, mas também a normalidade de todos os atores políticos na Venezuela", disse.
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Desde que assumiu o cargo, em agosto do ano passado, Petro restabeleceu relações diplomáticas com o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro e tem assumido um protagonismo diplomático ao propor soluções para os conflitos políticos no país vizinho.
Segundo Bogotá, o objetivo da conferência do dia 25 não é substituir os diálogos que vinham ocorrendo no México, mas sim reativar as conversas. As negociações estão congeladas desde novembro do ano passado, após a oposição e Washington não cumprirem um acordo que previa a liberação de mais de 3 bilhões de dólares em recursos que pertencem ao Estado venezuelano e que estão bloqueados no exterior.
A principal demanda do governo na mesa de diálogo é a suspensão de todas as sanções. Já a delegação opositora exige a elaboração de um cronograma eleitoral e garantias para uma campanha equilibrada.
Petro, Maduro e oposição: diálogos
Ainda nesta quarta-feira (19/04), o presidente colombiano discursou no Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) em Washington e propôs uma reconstrução do organismo multilateral e que a Venezuela volte a fazer parte do órgão.
Caracas decidiu se retirar da OEA em 2017 e vinha sendo representada na entidade por um opositor indicado pelo ex-deputado Juan Guaidó, já que a organização reconhecia seu antigo "governo interino".
A proposta de reincorporação da Venezuela à CIDH e à OEA já foi feita por Petro diretamente ao presidente Nicolás Maduro durante uma de suas visitas a Caracas no ano passado. Em resposta, o mandatário venezuelano disse que a ideia era promissora e que estaria avaliando em conjunto com ministros.
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Maduro também se pronunciou nas últimas semanas sobre a conferência internacional do dia 25 de abril e manifestou "apoio total" à iniciativa colombiana. Já a oposição disse que se sentia pouco representada, uma vez que Petro ainda não havia se reunido com nenhuma liderança opositora.
A demanda fez com que o presidente colombiano mudasse seus planos e decidisse voltar dos EUA mais cedo. Segundo a agenda presidencial, Petro deve retornar ainda nesta quinta-feira a Bogotá e não mais na sexta-feira como estava previsto. Ainda de acordo com a assessoria presidencial, um encontro com líderes da direita venezuelana deve ocorrer entre sexta-feira e sábado.
Clima e campo
Petro ainda disse que conversou com o presidente estadunidense sobre o combate às mudanças climáticas e cumprimentou os EUA pela decisão anunciada nesta quinta-feira de investir 500 milhões de dólares no Fundo Amazônia.
"[Também] falamos da possibilidade de trocar dívida pública por ações climáticas em todo o mundo, a partir dos direitos especiais de giro do FMI. O governo dos EUA e o presidente Biden se sentiu interpretado pela proposta. Eles disseram que estão muito interessados em levar ao FMI e torná-la realidade", declarou.
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O presidente também disse que mencionou suas críticas à política que considera hostil da chamada "guerra às drogas" e disse que "não houve nenhuma contradição" entre ele e Biden.
"Acho que ficou bem entendido que uma coisa é fumigar [glifosato] em uma mata e contra seres humanos que são economicamente vulneráveis e outra coisa é perseguir os donos do narcotráfico. Solicitei mais ajuda nessa aspecto, precisamos de mais lanchas, de mais barcos", afirmou.
Edição: Patrícia de Matos