O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou na noite dessa sexta-feira (14), ao final de sua viagem à China, que não acredita em qualquer problema nas relações com os Estados Unidos, devidos às propostas feitas e aos acordos firmados com o governo chinês. Uma das propostas, a criação de uma moeda específica para transações comerciais entre os países, em substituição ao Dólar, foi alvo de críticas do ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil Thomas Shannon, apontando que a ideia poderia desagradar ao governo estadunidense.
"Não acredito e não há nenhuma razão para isso. Quando eu vou conversar com os Estados Unidos, não fico preocupado com o que a China vai pensar. Estou conversando sobre os interesses soberanos do meu país. Quando venho conversar com a China, também não fico preocupado com o que os Estados Unidos estão pensando. É assim que fazem os Estados Unidos, a China e todos os países", afirmou Lula, na saída do hotel, ainda na China.
O petista destacou que para o Brasil crescer economicamente não é preciso brigar com qualquer país, mas sim aperfeiçoar as relações, tendo em vista os interesses do país e a soberania nacional. "Saio satisfeito porque senti uma extrema vontade do Xi Jinping e dos ministros por essa interação com o Brasil. Nossa relação estratégica vai se aperfeiçoando cada vez mais e não precisamos brigar e romper com ninguém para que a gente melhore", disse Lula.
Antes disso, o presidente brasileiro declarou que ninguém vai proibir o Brasil de aprimorar suas relações com a China. Entre os acordos assinados estão propostas em áreas como energias renováveis, indústria automotiva, agronegócio, linhas de crédito verde, tecnologia da informação, saúde e infraestrutura.
Ainda na coletiva, Lula disse que voltou a defender, na conversa com o presidente da China, Xi Jinping, que um grupo de países neutros faça a intermediação das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. "É preciso que se constitua um grupo de países dispostos a encontrar um jeito de fazer a paz. Ou seja, eu conversei isso com os europeus, já conversei isso com os americanos e conversei ontem [com Xi Jinping]", afirmou.
O presidente brasileiro também criticou o fornecimento de armas à Ucrânia, feito principalmente por Estados Unidos e União Europeia.
Lula também disse que países que estão fornecendo armas para o conflito interrompam essa atitude. Estados Unidos e países da Europa ocidental estão ajudando a Ucrânia com armas. Na avaliação de Lula, essas nações estão "incentivando a guerra.
"É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz, para a gente poder convencer [Vladimir] Putin [presidente da Rússia] e [Volodymyr] Zelensky [presidente da Ucrânia] que a paz interessa a todo mundo e que a guerra por enquanto só está interessando aos dois", concluiu o petista.
Edição: Rodrigo Gomes