Após adiar a visita oficial à China por causa de uma pneumonia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca nesta terça-feira (11) rumo ao maior parceiro comercial do Brasil. A expectativa é de que cerca de 20 acordos sejam assinados, Lula participe da cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e tenha um encontro com o líder chinês, Xi Jinping.
"Essa viagem, justamente, fecha o primeiro ciclo dessa reconstrução, de virar a página do isolamento que tanto prejuízo trouxe ao país nos últimos anos", disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em entrevista ao Correio Braziliense.
Lula viaja para a China acompanhado por Vieira e também pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social).
:: Lula vai à China em busca de parcerias para Brasil exportar além de commodities ::
Um dos objetivos da viagem é garantir recursos e parcerias que permitam ao governo cumprir uma de suas propostas, a reindustrialização da economia nacional. Nesse sentido, duas iniciativas podem ganhar destaque: a compra pela chinesa BYD de uma fábrica de veículos abandonada pela Ford em Camaçari, na Bahia, e possíveis parcerias na área de semicondutores.
Ao Correio Braziliense, o chanceler brasileiro ressaltou a importância da China para o agronegócio brasileiro, mas destacou existir "espaço a ser ocupado" nas relações bilaterais para "marcas brasileiras e produtos de maior valor agregado".
Ainda de acordo com Vieira, o Brasil tem um "interesse prioritário" no NBD, também conhecido com Banco dos Brics. A expectativa é de com Dilma, o NDB possa ampliar seu financiamento de projetos no Brasil, disse o chanceler.
A viagem de Lula também deverá ser marcada pelo anúncio da venda de 20 aviões da brasileira Embraer para a China, a assinatura de acordo para a construção de 17 embarcações para transporte de celulose e a compra de 280 caminhões elétricos da companhia chinesa JAC, informa a Folha de S. Paulo.
Negociações de paz
Outro ponto da agenda da viagem de Lula é a guerra na Ucrânia. O presidente brasileiro defende um "clube da paz" e afirma que países que não estão diretamente envolvidos no conflito podem se engajar pela paz.
Durante a visita do chanceler alemão, Olaf Scholz, ao Brasil em janeiro, Lula negou o envio de munição brasileiro ao conflito e disse: "Nossos amigos chineses têm um papel muito importante. Está na hora da China colocar a mão na massa".
Celso Amorim, assessor especial da presidência da República, visitou a Rússia na semana passada e encontrou o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a guerra e possíveis caminhos para encerrar o conflito.
A posição brasileira sobre o conflito é elogiada pelas autoridades russas, mas a Ucrânia rejeitou recentemente uma declaração de Lula de que a Ucrânia poderia abrir mão da Crimeia para a paz ser alcançada. A Crimeia é uma região anexada por Putin em 2014.
"Quando eu voltar da China, eu espero poder dizer: 'está criado o grupo que vai discutir a paz", afirmou Lula no dia 6 de abril.
Edição: Rodrigo Durão Coelho