Com a entrada da Polícia Federal nas investigações do assassinato de Marielle Franco, que completa cinco anos nesta terça-feira (14), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinaliza que Brasília prioriza a resolução do crime.
No dia 14 de março de 2018, a então vereadora Marielle Franco foi vítima de um atentado e morreu, após levar quatro tiros na cabeça. Com três disparos nas costas, seu motorista, Anderson Gomes, também foi assassinado. A única sobrevivente é a jornalista Fernanda Chaves, assessora da ex-parlamentar.
O crime chocou o país e teve repercussão mundial. Desde o princípio, foi tratado como um atentado político contra a vereadora, que representava uma rara ascensão de uma mulher negra ao legislativo fluminense. Da tribuna da Câmara, ela enfrentava milicianos e a família Bolsonaro.
Com um ano de investigação, a Polícia Civil prendeu o vizinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o policial reformado Ronnie Lessa, apontado como atirador. No mesmo dia, deteve o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, que seria o motorista do carro na perseguição a Marielle.
Em 2019, o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e um dos responsáveis pelas investigações da execução de Marielle Franco, confirmou que a filha de Ronie Lessa, preso sob acusação de ser um dos autores do homicídio, namorou um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o caçula Jair Renan Bolsonaro.
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Em novembro do mesmo ano, o delegado foi atacado por Jair Bolsonaro, que o chamou de "amiguinho" do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, seu inimigo político. Na época, a Associação do Delegados de Polícia do Brasil (Adepol do Brasil), a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Civil do Polícia Civil (Fendepol) e o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sindepol-RJ) divulgaram uma nota, repudiando as falas do ex-presidente.
"Valendo-se do cargo de Presidente da República e de instituições da União, claramente ataca e tenta intimidar o Delegado de Polícia do Rio de Janeiro, com intuito de inibir a imparcial apuração da verdade", afirmavam os delegados em nota.
Lages foi afastado do comando da investigação dias após as prisões de Lessa e Queiroz. Ao todo, já foram cinco delegados e dez promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) à frente do caso.
As tentativas de interferência na investigação fizeram com quem o MP-RJ abrisse outro inquérito, que apura as tentativas de obstrução na elucidação do homicídio. Os contornos políticos que o crime ganhou no Rio de Janeiro, onde suspeitos orbitam entre a política e as milícias, fizeram com que Raquel Dodge, ex-Procuradora Geral da República, sugerisse, em 10 de setembro de 2019, a federalização do caso.
Cinco anos depois, a investigação nunca foi federalizada, Lessa e Queiróz seguem como únicos suspeitos presos pelo caso e aguardam julgamento ainda em primeira instância, que será decidido por um júri popular. A Justiça do Rio de Janeiro ainda não definiu uma data.
Com a investigação correndo em sigilo, sem que a família tenha acesso às informações e sem que a Polícia Civil ou o MP-RJ apontem a motivação para o crime e seu mandante, o caso se tornou um imbróglio sem solução.
Para cooperar com a apuração do caso, Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, determinou, no dia 17 de fevereiro deste ano, que a Polícia Federal abra uma investigação própria sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Confira a linha do tempo do caso:
Edição: Thalita Pires