Mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram reprimidas com truculência pela Polícia Militar (PM) nesta quarta-feira (8) enquanto protestavam do lado de fora da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa).
O grupo participava do ato "Marcha Pela Vida das Mulheres", que marcava o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Segundo o MST, uma mulher foi hospitalizada após passar mal e sofrer uma crise convulsiva.
Um vídeo mostra manifestantes deixando o local após passarem mal com o gás de pimenta. No registro, uma mulher deitada no chão é amparada por outra pessoa. Centenas de manifestantes ao redor gritam em repúdio à violência.
Jovem bateu a cabeça após inalar gás, diz MST
Jane Cabral, da coordenação nacional do MST, afirmou que as mulheres ocupavam de forma pacífica a escadaria externa da Alepa, quando foram cercadas pela PM, que usou força física e spray de pimenta para expulsá-las.
"Uma jovem inalou a substância e desmaiou. Ela caiu, bateu a cabeça e foi levada para o hospital tendo convulsões. Agora ela está estável, sob observação e vai receber alta", afirmou Jane Cabral, que participava do protesto.
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"Sempre que os trabalhadores e trabalhadoras vão em busca de seus direitos, a polícia estadual do Pará reage de forma muito truculenta e até criminosa. Poderíamos ter tido um caso muito mais grave", prosseguiu Cabral.
O ato era parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, que ocorre em todo o país. No Pará, o protesto era favorável a um Projeto de Lei que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos, prática responsável pela contaminação de lavouras e de produtores da agricultura familiar.
A proposta legislativa é de autoria da deputada estadual Lívia Duarte (Psol), que usou as redes sociais para criticar a ação da PM.
MST responsabiliza presidente da Assembleia
A Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra ocorre em 22 estados e o Distrito Federal, com marchas, ocupações de terras e órgãos públicos. Na terça-feira (7), integrantes do movimento ocuparam o Instituto De Terras Do Pará (Iterpa), órgão equivalente ao Incra no estado.
O MST informou que, além do Pará, casos de repressão policial e por seguranças privados foram registrados no Rio Grande do Sul e Piauí. Em nota, o MST classificou o caso do Pará como o mais "emblemático" e afirmou que a PM agiu sob ordens do presidente da Casa, deputado Chicão (MDB).
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"As Mulheres Sem Terra denunciam as diversas formas de violências patriarcal e racial, que têm atingido as pessoas em condições de vulnerabilidade e feito vítimas, como os casos de feminicídio, assassinatos LGBTIfóbicos e suicídios que vivenciados nos últimos anos. Nesse caminho, também anunciam a disposição para construir relações humanas emancipadas, livres de todas as formas de violência", afirmou comunicado do Movimento.
Outro lado
O Brasil de Fato pediu um posicionamento ao governo do Pará, à Secretaria de Segurança Pública e ao presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Chicão (MDB), mas não houve resposta até a publicação da reportagem.
Edição: Thalita Pires