A ministra de Relações Exteriores da França chega nesta quarta-feira (8) ao Brasil para um encontro oficial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente). A reunião entre os dois chanceleres é considerada como o primeiro passo para a organização da viagem do presidente da França, Emmanuel Macron, ao Brasil, que deve acontecer ainda em 2023.
Na pauta de discussão estão agendas relacionadas ao meio ambiente, defesa, ciência e tecnologia, além de coordenação bilateral no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na última semana de janeiro, após reunir-se com o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, Lula voltou a defender uma reforma do Sistema das Nações Unidas, com a inclusão do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
Outros assuntos em debate serão as políticas voltadas à preservação da Amazônia, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, e a guerra na Ucrânia. A ministra francesa deve reiterar o pedido de que o Brasil se some a uma frente ocidental em apoio à Ucrânia. O presidente brasileiro, no entanto, já afirmou em mais de uma ocasião que pretende liderar um grupo de países que negocie a paz entre Moscou e Kiev.
:: O que falta para concluir o acordo UE-Mercosul ::
No dia 26 de janeiro, os dois presidentes conversaram por telefone sobre cooperação em temas ambientais, a guerra na Ucrânia, e a defesa da democracia. Macron também expressou seu apoio a Lula depois da invasão da sede dos três poderes no dia 8 de janeiro.
"Durante nosso telefonema, reiterei ao presidente Lula o apoio da França após os ataques à democracia brasileira. Reafirmamos nossa determinação de agir em prol do clima, da biodiversidade, de nossas florestas e contra a fome. Vamos vencer estes desafios", publicou Macron em suas redes sociais logo após a ligação telefônica.
Lula classificou a conversa como "excelente" e disse que aguardava a visita de Macron para "aprofundar o trabalho conjunto contra mudanças climáticas, no combate à fome e pela defesa do meio ambiente". Uma das propostas em discussão é de que o mandatário francês acompanhe a cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) que reúne além do Brasil, a Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, que ainda não tem data definida, mas foi defendida pela delegação brasileira na última Cúpula do Clima (COP27), realizada em novembro no Egito.
Em declarações a meios locais, Colonna disse que sua viagem busca reestabelecer boas relações com o Brasil e criar pontes com empresários brasileiros.
De Brasília, a chefe da diplomacia francesa viajará a São Paulo para encontrar-se com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Colonna ainda se reunirá com a filósofa Djamila Ribeiro no Espaço Feminismos Plurais, fundado pela ativista no ano passado, na capital paulista. A juíza Domitila Manssur e a gerente institucional do Fundo Socioambiental CASA, Cristina Orpheo, também deve acompanhar o encontro.
Em 2022, o Brasil exportou US$ 3,5 bilhões para a França e importou cerca de US$ 4,9 bilhões, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. As vendas brasileiras são majoritariamente de soja (21%), petróleo (16%) e celulose (7,5%). Já os importados franceses são motores e geradores (15%), componente químicos para a indústria de transformação (8,9%) e medicamentos (5,2%).
O Brasil é o maior parceiro comercial da França na América Latina, com 21% do comércio, segundo a Câmara de Comércio Brasil-França.
Edição: Thales Schmidt