O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz, no Palácio do Planalto, na última segunda-feira (30) confirmou o veto sobre a venda de munições de tanques de guerra para a Ucrânia, mantendo, assim, a posição de neutralidade em relação ao conflito entre Kiev e Moscou. O presidente brasileiro também defendeu uma maior participação da China nas negociações pela paz.
O pedido para que o Brasil enviasse munições de tanques de guerra à Ucrânia veio do governo alemão ainda na semana passada, no contexto da decisão inédita da Alemanha de fornecer tanques Leopard-2 a Kiev.
"O Brasil não tem interesse em passar as munições, para que elas não sejam utilizadas para a guerra entre Ucrânia e Rússia. O Brasil é um país de paz, o último contencioso nosso foi na guerra do Paraguai. O Brasil não quer ter participação, mesmo que indireta", disse Lula.
Ao mesmo tempo, Lula declarou que a Rússia comentou um "erro crasso" ao invadir o território da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, mas destacou que "quando um não quer dois não brigam".
"Acho que a Rússia cometeu um erro crasso de invadir o território de outro país. Mas acho que quando um não quer, dois não brigam. Precisamos encontrar a paz", disse Lula.
Lula já havia se posicionado dessa forma ainda em maio do ano passado, quando havia dito que a decisão de Moscou era um erro, mas apontando que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, era tão responsável quanto o presidente russo, Vladimir Putin, pelo conflito.
O chanceler alemão, por sua vez, após se reunir com o presidente brasileiro, disse que a guerra é uma violação do direito internacional e voltou a condenar a Rússia.
"Essa guerra não é uma questão europeia, mas uma questão que diz respeito a todos nós. É uma violação flagrante do direitos internacionais e da ordem internacional que acordamos em conjunto. Ninguém pode mexer em fronteiras de forma violenta, isso são tradições que pertencem ao passado", destacou.
Mediação para paz
Após a reunião bilateral, o presidente Lula defendeu a criação de um grupo de países que se envolvam na mediação de paz para a guerra na Ucrânia.
"O que é preciso é constituir um grupo com força suficiente para ser respeitado numa mesa de negociação. E sentar com os dois lados", disse o presidente.
De acordo com ele, países como Índia, Indonésia e, principalmente, a China, devem participar nesse processo. "Nossos amigos chineses têm um papel muito importante. Está na hora da China colocar a mão na massa", completou.
Edição: Thales Schmidt