Pela primeira vez na história da democracia brasileira, o Rio Grande do Sul tem representantes mulheres negras da Câmara dos Deputados. Nesta quinta-feira (1º), quando ocorrem as sessões de posse dos 513 deputados e 27 senadores eleitos em outubro de 2022, em Brasília, assumem suas cadeiras Daiana Santos (PCdoB), Denise Pessôa (PT) e Reginete Bispo (PT), que ocupam três entre os 31 assentos destinados a deputados federais eleitos pela população gaúcha.
A ex-vereadora de Porto Alegre Daiana Santos também é a primeira mulher negra e assumidamente lésbica eleita pelo RS. Oriunda da periferia de Porto Alegre, alcançou a marca de 88.107 mil votos no último pleito eleitoral. Durante o seu trabalho na Câmara Municipal de Porto Alegre, Daiana apresentou 45 Projetos de Lei e Projetos Indicativos, sendo 55% deles voltados à População LGBTI+, mulheres e à população negra.
Educadora social e sanitarista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a trajetória da parlamentar sempre esteve ligada aos movimentos sociais, às pautas LGBTI+, à população negra e às mulheres. Têm como uma das suas principais bandeiras a defesa do SUS, tendo trabalhado diretamente com a população em situação de rua e mulheres em situação de violência.
“A chegada de mulheres, negras e negros, LGBTs, demonstra a necessidade de ruptura dessa política de negação de direitos da população trabalhadora, que vive na pirâmide social deste país. Agora, como deputada federal, compreendo que é na política que a gente faz essa articulação para a mudança na luta, pois a luta muda a vida das pessoas”, afirma Daiana.
Denise Pessôa foi eleita com 44.241 votos. Mãe e arquiteta, é a primeira deputada federal eleita por Caxias do Sul, cidade em que foi vereadora por quatro mandatos consecutivos, desde 2009. Em seu último, foi presidenta da Câmara de Vereadores.
Segundo Denise, entre suas principais pautas estarão o acesso à educação e à saúde pública de qualidade, o incentivo à agricultura familiar e as boas práticas agrícolas, o estimulo ao desenvolvimento econômico social sustentável integrado da região da Serra Gaúcha com o estado do Rio Grande do Sul, a promoção e o incentivo a políticas públicas culturais e a garantia do direito à cidade. Além da luta pelos direitos das mulheres, da comunidade LGBTQIAPN+, das Pessoas Com Deficiência (PCDs), dos Idosos, das Negras e Negros, da Juventude, por meio de políticas que promovam os direitos humanos.
A terceira cadeira é de Reginete Bispo, que havia ficado na primeira suplência da federação PT-PCdoB-PV e entrará na vaga aberta por Paulo Pimenta, que assumiu como ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Durante a campanha, carregou o slogam “Brasil sem fome, sem racismo e sem machismo”.
Natural de Marau, no interior gaúcho, Reginete se mudou para Passo Fundo quando criança e lá iniciou sua militância com as pastorais católicas que atuavam na luta pela reforma agrária, ainda na juventude. Filiou-se ao PT em 1986 e nos anos 1990 se mudou para estudar em Porto Alegre, onde passou a atuar junto a movimentos sociais, especialmente o movimento negro, e nas lutas em defesa dos direitos humanos, das mulheres negras e das comunidades quilombolas, de matriz africana, povos indígenas e das populações imigrantes e refugiados.
Fernanda Melchionna foi a deputada mais votada do RS
Também tomam posse hoje as duas deputadas mais votadas do RS. A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL/RS) foi reeleita para a Câmara dos Deputados com 199.894 votos, um crescimento de 75% desde a última eleição em 2018, quando recebeu 114.302 votos. Ela foi uma das 50 mais votadas do Brasil em 2022. Somente em Porto Alegre, teve cerca de 91 mil votos, se consolidando como a 4ª do ranking de federais e a mulher mais votada para o cargo no Rio Grande do Sul.
Em seu segundo mandato, a deputada pretende focar no combate à desigualdade social. Entre os projetos estão a taxação das grandes fortunas, a aprovação da PEC 96, de sua autoria e já analisada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), que pretende proibir contingenciamento de verbas na Educação, e a garantia de direitos para mulheres e trabalhadores.
Natural de Alegrete (RS), é graduada em biblioteconomia pela UFRGS e pós-graduada em História do Brasil pela Fapa/RS. É bancária licenciada do Banrisul, militante, feminista, socialista e internacionalista. Começou sua atuação no movimento estudantil, foi uma das fundadoras do PSOL e elegeu-se vereadora de Porto Alegre em 2008, concorrendo à reeleição em 2012 e sendo a mais votada entre as mulheres eleitas. Em 2016, foi a parlamentar mais votada da cidade, com mais de 14 mil votos. Em 2018, foi a mulher com mais votos no RS para deputada federal, feito que repete agora com aumento expressivo do número.
Maria do Rosário foi a segunda mais votada
Reeleita com 151.044 votos, a deputada federal Maria do Rosário foi a segunda mulher mais votada do estado. Maria do Rosário é pedagoga, mestre em Educação e doutora em Ciência Política pela UFRGS, professora e política brasileira, e reconhecida pelo seu trabalho como defensora dos direitos humanos. Foi ministra da Secretaria de Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff. Maria do Rosário foi eleita vereadora de Porto Alegre duas vezes, disputou a prefeitura em 2008 e vai exercer o sexto mandato como deputada federal pelo RS.
Em entrevista ao Brasil de Fato RS, afirmou que pretende se dedicar muito a fomentar e apoiar os comitês populares de luta. "Quero debater isso, debater a formação política, utilizar este mandato para debater a formação política de forma direta com a população, criando novas representações, novas formas de exercício da política. Ou seja, eu realmente quero que este mandato, e a minha participação seja muito dentro de uma dimensão coletiva."
Transmissão ao vivo da Posse dos deputados da 57ª legislatura - 01/02/2023
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko